Diagnóstico de covid longa é desafio para a medicina

Diagnóstico de covid longa é desafio para a medicina

 

A pandemia completou dois anos em março e mesmo com a queda de internações e óbitos, os especialistas ainda enfrentam um grande desafio: a recuperação de pacientes com a chamada Covid Longa. A síndrome, que costuma afetar até 30% dos infectados e se manifesta algumas semanas após o contágio, provoca, entre outros sintomas, fadiga, falta de ar, arritmia, ansiedade, dor crônica, insuficiência renal, problemas de memória e concentração e até impotência. 

“As pessoas sentem muita fadiga. Algumas têm comprometimento nos rins, no fígado, no coração e, principalmente, consequências de uma infecção respiratória grave, com uma falta de ar que demora para passar, uma perda da capacidade física e respiratória”, conta o cardiologista Hélio Osmo, gerente executivo da área médica da Farmacêutica Zambon e presidente da Sociedade Brasileira de Medicina Farmacêutica.

“Isso gera um impacto econômico, social e psicológico na convivência com outras pessoas, porque ela não entende o que está acontecendo e quer retomar a vida dela”, acrescenta.

O cardiologista diz que mesmo quem não apresentou uma forma grave da doença, com internação ou intubação, tem sofrido com os sintomas da Covid Longa. Tanto que hospitais como o Hospital das Clínicas e o Sírio Libanês, em São Paulo, e a Rede Sarah, em Brasília, entre outros, criaram ambulatórios para auxiliar na reabilitação dos pacientes.

“Por causa dos diferentes sintomas, as pessoas têm percorrido um caminho tortuoso, visitando diversos especialistas, como pneumologista, clínico geral, neurologista, psiquiatra e geriatra, em busca de um diagnóstico e uma melhora mais rápida”.

Estudo coordenado pelo Laboratório de Neuroproteômica da Unicamp, em parceria com a USP, reunindo 80 pesquisadores, aponta que a Covid é capaz de provocar danos cerebrais com efeitos na memória, no olfato e na concentração. Foram analisadas 81 ressonâncias de pacientes que tiveram sintomas leves da doença, dois meses antes do exame, e ainda apresentavam fadiga, sonolência, dor de cabeça, ansiedade e disfunção cognitiva.

O resultado mostrou que o grupo tinha algo em comum: uma atrofia na região frontal do cérebro, responsável pelo raciocínio e atenção.

Covid em Crianças

A explosão de internações de crianças por Covid, no início do ano, durante a onda da variante Ômicron, é outro fator que preocupa os médicos, principalmente pela baixa adesão desse grupo à vacinação. Enquanto quase 75,4% da população brasileira estão totalmente imunizados contra a Covid, apenas 11,2% das crianças entre cinco e 11 anos receberam as duas doses da vacina, segundo dados do consórcio de veículos de imprensa.

“A Ômicron expôs mais as crianças porque houve um relaxamento dos cuidados, elas voltaram para a escola, e há uma grande resistência à vacinação, que se deve às fake news sobre complicações que não têm nenhum embasamento científico”, esclarece o cardiologista Hélio Osmo.

Embora a grande maioria das crianças contaminadas se recupere rápido, casos de Síndrome Inflamatória Multissistêmica pediátrica (SIM-P) vem sendo registrados desde o início da pandemia. A reação imunológica afeta todo o organismo, provocando edema, tromboembolismo, alterações hepáticas, cardíacas e neurológicas. Até janeiro, mais de 1.160 hospitalizações foram registradas no país, no público entre 0 e 9 anos, com 63 mortes.

AliançA FM

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