Violência de gênero digital exige medidas urgentes de proteção

Violência de gênero digital exige medidas urgentes de proteção As tecnologias evoluem em um ritmo acelerado, trazendo uma infinidade de novas

Violência de gênero digital exige medidas urgentes de proteção
As tecnologias evoluem em um ritmo acelerado, trazendo uma infinidade de novas plataformas, soluções inovadoras para problemas antigos e conexões globais instantâneas. No entanto, esse panorama em constante transformação também traz desafios, principalmente quando se trata da disseminação da violência.

O Fundo de População da ONU, Unfpa, vem atuando contra o aumento de agressões facilitadas pela tecnologia, que impacta especialmente mulheres e meninas em todo o mundo.

Violência online atinge 85% das mulheres

A ONU News conversou com a especialista em violência de gênero do Unfpa, Alexandra Robinson. Ela destacou uma pesquisa que aponta que 85% das entrevistadas testemunharam alguma forma de violência contra outras mulheres online.

O número varia entre as regiões, saltando para mais de mais de 90% na América Latina e na África e batendo 98% no Oriente Médio. Os dados refletem outras pesquisas que apontam diversos tipos de preconceito com as mulheres.

Alexandra Robinson explica que uma das formas desse tipo de violência é utilizar aparelhos sincronizados remotamente para ligar ou desligar a calefação de suas casas.

Ela contou que a violência tecnológica está se tornando cada vez mais complexa indo além do uso de redes sociais e arquivos pessoais para cometer crimes de gênero de forma digital.

Ferramentas de GPS e dispositivos inteligentes também são utilizados para atacar as vítimas, permitindo que agressores persigam e controlem até mesmo seus carros e eletrodomésticos. Robinson afirma que esses tipos de violência vêm geralmente de parceiros íntimos que têm acesso aos dispositivos e às senhas das vítimas.

Agressões anônimas 

O Unfpa identificou mais de 40 formas de violência de gênero facilitadas pela tecnologia, destacando que as agressões podem ser originadas de diversas fontes, desde parceiros abusivos e grupos misóginos organizados até governos, que têm acesso significativo a dados pessoais.

De acordo com Alexandra Robinson, os meios digitais fornecem uma plataforma conveniente para ataques contra mulheres, uma vez que os agressores podem perpetuar a violência de maneira rápida, econômica e fácil de ser propagada.

Além disso, o Unfpa observa que esses ataques podem ser realizados de forma anônima, dificultando a responsabilização legal e permitindo que os criminosos evitem a punição.

Como resultado, há um aumento alarmante no número de casos de violência de gênero, que provavelmente é ainda maior, pois muitas formas de violência não estão totalmente abarcadas pelos estudos.

Os dados disponíveis revelam que 58% das jovens na faixa etária entre 15 e 25 anos, que são mais ativas nas redes sociais, já sofreram assédio online.

Mulheres na política e pessoas Lgbtqia+

Com o crescimento do acesso à internet e das tecnologias, o Unfpa expressa preocupação com o possível aumento desses casos, especialmente porque algumas pesquisas revelam que a violência de gênero online ainda não é considerada um problema significativo por muitos.

Além de jovens, mulheres em posições públicas e pessoas Lgbtqia+ são as principais vítimas, com destaque para negros, asiáticos e outras minorias étnicas.

O impacto na vida das sobreviventes é profundo, afetando sua renda, capacidade de trabalho e resultando em sérios efeitos psicológicos.

Além das consequências individuais, o Unfpa destaca que a violência online também tem repercussões sistêmicas, contribuindo para a ampliação da lacuna digital de gênero, impactando negativamente a economia e reforçando a falta de diversidade nos espaços virtuais.

Por isso, o Unfpa trabalha em conjunto com mulheres, governos e empresas de tecnologia para fornecer recomendações e diretrizes que possam mitigar esse problema crescente.

Espaços seguros para todos

Segundo Alexandra Robinson, é fundamental que a indústria considere a segurança dos usuários desde a concepção dos produtos, garantindo que sejam espaços seguros para todos.

Ela ressalta que, à medida que se observa o potencial de algumas inovações em prejudicar as democracias, diversos países estão buscando maneiras de regulamentar o setor.

O Unfpa possui a campanha “bodyright”, um jogo de palavras com o termo “copyright”, para defender o direito das mulheres sobre seus corpos e denunciar o uso não autorizado de imagens.

A campanha quer prevenir a violência na internet, já que, segundo a agência, os logotipos corporativos e a propriedade intelectual com direitos autorais recebem “muito mais proteção online do que as próprias pessoas”.

Governos e big techs

O Unfpa recomenda às autoridades nacionais que o tema da violência de gênero online seja abordado por meio de leis e regulamentações, além de ser incorporado no currículo educacional, para auxiliar na prevenção. A agência da ONU também destaca a importância de gerar mais dados para melhorar a resposta a esse problema.

Já para as big techs, como são conhecidas as grandes empresas de tecnolgia, o Unfpa enfatiza a necessidade de incluir uma visão mais inclusiva desde a concepção dos produtos. Além disso, a agência solicita transparência e políticas de moderação de conteúdo, bem como responsabilização das vítimas de agressão, por meio da criação de mecanismos que ofereçam soluções rápidas para denúncias.

Por fim, a agência da ONU ainda acredita que as companhias devem assumir a responsabilidade pelos danos causados pela omissão em relação a materiais nocivos e ao mau uso da tecnologia.

Isso implica em assumir a danos econômicos causados às sobreviventes, além de garantir a implementação de mecanismos eficazes de prevenção e resposta. (com informações ONU News)

 

AliançA FM

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