Pichações nazistas são encontradas em universidades de SP

Pichações nazistas são encontradas em universidades de SP

 

Estudantes da USP e Unifesp encontraram pichações de suásticas, símbolo nazista, em pelo menos quatro espaços das instituições. Em um dos casos, a pichação continha uma ameaça a um estudante do movimento negro.

Na USP, uma das manifestações foi encontrada na quarta-feira 30 dentro de um elevador. Na terça-feira 29, pelo menos oito suásticas também foram identificadas em uma parede do Diretório Central dos Estudantes, no campus da universidade, na zona oeste da capital. A parede continha assinaturas de nomes de calouros feitas no início do ano.

No fim da tarde do mesmo dia, estudantes também se depararam com uma suástica desenhada a giz em uma parede de madeira da sala Frederico Steidel da Faculdade de Direito da USP, na região central da cidade.

PICHAÇÕES NO DCE

O Diretório Central dos Estudantes da USP recebeu, na última segunda-feira, 28, a denúncia de que 8 símbolos nazistas tenham sido desenhados nas 4 paredes da vivência estudantil do DCE, localizado no campus Butantã. Esse espaço é destinado para os alunos e muitos calouros ingressam seus nomes assim que ingressam na instituição, com guache.

Depois do episódio do DCE da USP, a Faculdade de Direito da universidade relatou, entre terça-feira, 29, e quarta-feira, 30, que foram encontradas pichações de suásticas dentro da instituição de ensino. Assim como o caso da DCE, após os desenhos terem sidos registrados em fotos, os símbolos foram apagados.

A fim de localizar os responsáveis, uma investigação interna está sendo realizada. A direção da Faculdade de Direito e o Centro Acadêmico XI de Agosto emitiram uma nota conjunta em resposta às aparições de símbolos nazistas:

Repudiamos qualquer forma de preconceito, autoritarismo e exclusão, dentro e fora de nosso espaço. Não toleraremos nenhuma forma de discriminação. O ambiente universitário configura contexto especialíssimo e protegido, ainda que sempre aberto à liberdade de expressão”, afirma o comunicado. “No Brasil, a veiculação de símbolos nazistas, a prática e a incitação à discriminação de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional são crimes expressamente previstos na Lei Federal nº 7.716/1989, inafiançáveis e imprescritíveis. Os símbolos nazistas são absolutamente indesejáveis, incompatíveis e repugnantes à vida acadêmica.”.

PICHAÇÕES NO RESIDENCIAL DA USP

O Crusp (Conjunto Residencial da Universidade de São Paulo), a moradia para estudantes da USP, amanheceu nesta quinta-feira (1º) com pichação de cunho racista.

Segundo relatado nas redes sociais por Marcos Morcego, 22, aluno do quarto semestre do curso de ciências sociais da universidade, a frase “Volta P/ África” apareceu em uma das paredes do do bloco G do alojamento. Na terça (29), pichações com suásticas, símbolo nazista, foram encontradas no DCE (Diretório Central dos Estudantes) e na Faculdade de Direito.

“Essa pichação apareceu hoje de manhã, até ontem à noite não tinha. Nessa semana a gente teve símbolo nazista pichado no nosso DCE, que é a representação máxima dos estudantes, talvez tenha alguma relação”, afirmou à reportagem.

A universidade confirma o ocorrido e diz que registrou boletim de ocorrência e que vai “empreender esforços para identificar os agressores e aplicar as sanções cabíveis”.

Marcos diz que a maioria dos estudantes que mora no alojamento é de pessoas negras e pobres. “O Crusp passa por isso há um tempo, mas a gente notou um padrão. Teve na UFABC (Universidade Federal do ABC) um cara com uma blusa nazista, teve na Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) pichação nazista no banheiro. A gente vê uma sequência desses atos e o Crusp é um lugar que tem a maioria de gente preta e pobre, que ficas o dia inteiro na faculdade, querendo ou não, se torna um alvo”, disse.
O aluno diz esperar que a universidade dê alguma resposta sobre o caso.
“Eu não sei se a universidade vai fazer muita coisa porque geralmente não dão respostas, mas, a gente espera pelo menos que eles liberem a gravação das câmeras que têm lá para ajudar na identificação e expulsão eventual da pessoa que pichou”, diz. Segundo a USP, não há câmeras nos corredores dos blocos de moradia.

O estudante afirma temer que ocorra uma escalada dessa violência baseada no preconceito se não houver uma resposta adequada. “Esse é o nosso medo porque, historicamente, na USP já teve muitos casos de violência verbal, física, então esse é um medo real que a gente está tendo”, relata.

Com relação ao símbolo nazista, a universidade repetiu nota divulgada nesta quarta (30). “A USP não admite qualquer forma de apologia ao nazismo e ao preconceito racial em suas dependências. O centro de vivência é um espaço administrado pelos alunos, onde são realizadas atividades promovidas pelo DCE, que, como toda a USP, é vítima dessa agressão inominável”, declarou.

 

 

AliançA FM

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *