Mercosul e União Europeia desistem de assinar acordo nesta semana Durante a cúpula de presidentes do bloco sul-americano, dias antes da,
Mercosul e União Europeia desistem de assinar acordo nesta semana
Durante a cúpula de presidentes do bloco sul-americano, dias antes da posse de Javier Milei na Argentina, o Mercosul e a União Europeia decidiram não firmar um acordo de livre comércio na próxima semana.
Nesta sexta-feira, 1º, os europeus foram oficialmente informados da desistência. Ao lado do peronista Alberto Fernández na Casa Rosada, o governo argentino disse ao Brasil que não poderia fazer novos compromissos nas negociações e que queria deixar as decisões para Milei.
Com isso, foi desmarcada uma rodada possivelmente decisiva de negociações, que ocorreria no Rio de Janeiro, em meio à reunião do Mercosul. Também foi descartada uma vinda da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, à cúpula do Mercosul, que ocorrerá no Rio de Janeiro.
Von Der Leyen esteve hoje com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), às margens da conferência do clima em Dubai, e renovou publicamente as esperanças de um acordo muito próximo.
No entanto, a desistência da Argentina já foi comunicada à UE de forma discreta. Os dois grupos estão considerando a possibilidade de emitir um comunicado conjunto na semana que vem que descreva os últimos avanços nas negociações e apresente perspectivas favoráveis para um entendimento no futuro próximo.
Os argentinos, porém, teriam dito que não podem assumir compromissos nesta reta final do mandato de Fernández sobre o ritmo de eliminação de tarifas para produtos europeus. Eles disseram que, a tão poucos dias da passagem de bastão presidencial, isso caberia exclusivamente ao novo governo.
Auxiliares de Lula acreditam que um desfecho positivo ainda é plenamente possível nos primeiros meses de 2024, mas tudo dependerá do desejo de outros parceiros em prosseguir com as negociações.
A posição de Milei continua sendo um mistério. Ele é a favor de uma rápida abertura comercial da Argentina, o que teoricamente seria consistente com o acordo de livre comércio entre a UE e o Mercosul. No entanto, ele pode preferir métodos alternativos, como uma liberalização unilateral ou uma redução mais rápida das tarifas de importação dentro dos acordos.
Ao mesmo tempo, a presidência rotativa do bloco sul-americano será assumida pelo Paraguai, cujo presidente Santiago Peña já declarou publicamente: “Disse ao Lula para concluir as negociações [durante a presidência brasileira que se encerra na próxima semana]. Porque, se ele não concluir, não prosseguirei com elas nos próximos seis meses”.
Além disso, há um problema adicional: na virada do ano, a Espanha, que é uma das principais partidárias do acordo com o Mercosul na UE, renuncia à presidência temporária do bloco. A Bélgica assume a responsabilidade, pois a Valônia se opõe ao tratado e tem preocupação com as consequências para seus agricultores.
Os avanços recentes nas negociações ainda são favoráveis para as fontes brasileiras, e esses atores vão finalmente enxergar uma chance de conclusão rápida das negociações no começo de 2024. Como resultado, a expectativa é cautelosa em relação ao anúncio de um acordo comercial em breve.
AliançA FM