Fim da pandemia em 2023? Saiba o que deve acontecer e outras doenças

Fim da pandemia da Covid-19 Em 2023 pode ficar marcado, segundo projeção recente de um dos diretores da própria Organização

 

 Fim da pandemia da Covid-19 Em 2023 pode ficar marcado, segundo projeção recente de um dos diretores da própria Organização Mundial da Saúde (OMS). Mas isso não significa que o vírus deixará de existir. Pelo contrário: tanto o Sars-Cov-2 como outros que nos “assombraram” nos últimos dois anos vão continuar em circulação. O grande desafio e isso não vem de agora – é controlá-los.

Vacinação, vigilância e conscientização são algumas formas de evitar surtos, hospitalizações e mortes por doenças provocadas por agentes infecciosos.

Segundo especialistas ouvidos pelo g1, em 2023:

  • A prioridade máxima deve ser aumentar as coberturas vacinais, em queda há pelo menos 5 anos no Brasil: assim se evita o avanço ou o retorno de doenças, como a poliomielite;
  • Não, a Covid-19 não vai desaparecer: a tendência é que surjam novas variantes cada vez mais transmissíveis, mas não necessariamente mais graves. Imunossuprimidos e idosos devem receber doses de reforço de forma mais seguida, agora com as vacinas bivalentes;
  • O Brasil deve se preparar para uma nova onda de Covid após as festas de fim de ano;
  • A tendência é de aumento significativo na circulação e transmissão de vírus como a influenza e o vírus sincicial respiratório (VSR), principalmente no inverno;
  • Isso aumenta ainda mais a importância da tradicional campanha anual contra a gripe, que geralmente começa em meados de março e abril;
  • Podem ocorrer surtos de dengue por conta da previsão de chuvas no verão: como não há vacina disponível para todos, o controle passa por campanhas de conscientização dos governos e pelo cuidado da população;
  • A vacina contra a mpox (antes chamada de monkeypox), estando disponível, deve ter como público-alvo pessoas com HIV/Aids, que representam quase a totalidade das mortes registradas pela doença no Brasil em 2022.

Covid-19

O quarto ano de convivência com o coronavírus vai chegar com a certeza de que ele não irá sumir. Mas nem tudo está perdido: em 2023, a Covid-19 pode deixar de ser uma emergência de saúde pública internacional, título dado em janeiro de 2020 pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

A possibilidade e os critérios (para declarar o fim da pandemia) serão discutidos pelo órgão em janeiro de 2023, segundo confirmou o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanon, em 14 de dezembro.

“O Sars-Cov-2 não vai desaparecer a curto e médio prazo, não vai eliminado, não vai ser erradicado. Nós vamos conviver com ele pelo menos de dois a cinco anos”, diz o infectologista Alexandre Naime Barbosa, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI).

  • Há possibilidade de um novo aumento nos casos de Covid nos primeiros 15 dias de janeiro por conta das festas de fim de ano;
  • Por que essas ondas acontecem? O vírus se adaptou e ficou mais transmissível. Em 2021, por exemplo, surgiram as variantes gama e delta. Já em 2022, veio a ômicron e sublinhagens, atualmente predominantes no Brasil e responsáveis por um pico de transmissão desde outubro;
  • Mas, junto com essas mutações, a vacinação contra a Covid avançou: em 2021, com primeira e segunda doses, e em 2022, com os reforços. Isso muda tudo.
“O ciclo que estamos vendo é que, a cada seis meses, surge um vírus muito mais transmissível que o anterior. Mas isso não significa que seja mais grave. Agora mudamos o hospedeiro. O hospedeiro, antes, não tinha resposta pronta para o vírus. Agora nós temos indivíduos vacinados que já tem anticorpos neutralizantes. Então a doença tem menos impacto”, coloca o infectologista.

O médico e professor Alexandre Zavascki, chefe do serviço de infectologia do Hospital Moinhos de Vento (RS), afirma que, a cada variante nova, o vírus consegue ser mais transmissível e escapar da proteção que a vacina dá contra a infecção.

“Teremos novas ondas em 2023″, coloca Zavascki. “Quanto ao agravamento da doença, a vacina não perdeu efetividade. Mas, a cada variante, a gente perde bastante em termos de proteção contra a infecção”, diz.

Por conta dessas adaptações naturais do vírus, alguns grupos precisam ser vacinados com mais frequência para, de tempos em tempos, ganharem um reforço nos anticorpos.

Em 2023, tendência é que imunossuprimidos e idosos recebam reforços com as vacinas bivalentes – no Brasil, a Anvisa aprovou dois imunizantes da Pfizer que protegem contra a ômicron e suas subvariantes.

Outro desafio para controlar a Covid em 2023 é resgatar quem está com a dose de reforço atrasada ou ainda nem se vacinou e reforçar a imunização de bebês e crianças, que ainda caminha a passos lentos, segundo o médico infectologista Júlio Croda.

“Nos últimos seis meses, a gente parou de vacinar no Brasil. O esquema vacinal que garante a proteção contra hospitalização e óbito é de três doses. E a gente tem 30, 40% da população que não tomaram três doses de vacina. Há também uma baixa cobertura de quarta dose, menos de 40% da população acima de 40 anos, que é a que mais me preocupa”, afirma o médico.

Falando em vacina…

A queda na cobertura vacinal nos imunizantes que fazem parte do calendário básico do Programa Nacional de Imunizações (PNI) é motivo de preocupação entre especialistas.

  • São 20 vacinas disponíveis de graça no Sistema Único de Saúde (SUS), principalmente para crianças e adolescentes, que fornecem proteção para diferentes tipos de doenças. Mas a maioria não vem atingindo as metas elaboradas pelo Ministério da Saúde;
  • Qual o problema disso? A possibilidade de retorno de doenças já erradicadas, como a poliomielite (paralisia infantil);
  • Em 2017, a cobertura vacinal da polio girava em torno de 70 e 80%. Em 2022, essa margem caiu para 50 e 60%, segundo dados do PNI consultados em15 de dezembro.

“A gente vai estar sob risco de ter qualquer retorno dessas doenças imunopreveníveis. O Brasil é considerado o país é considerado de elevado risco para reintrodução da poliomielite, justamente por conta das baixas coberturas vacinais. Quando isso ocorrer? Ninguém sabe. Pode ser no ano que vem, pode ser no outro, se a gente mantiver as baixas coberturas”, explica Júlio Croda.

Menos gente com vacinação em dia abre caminho para surtos de vírus e bactérias, como aconteceu com o sarampo. O Brasil recebeu um certificado de eliminação do vírus em 2016, mas perdeu esse status em 2019, após o retorno dos casos pelo país.

“Devido ao discurso antivacina do governo federal nos últimos quatro anos, nós regredimos no controle de inúmeras doenças. O retrocesso que nós tivemos na área da saúde foi imenso”, diz o infectologista Alexandre Naime Barbosa.

Gripe

Para 2023, ainda não teremos acesso a uma vacina única para Covid + influenza, possibilidade que vem sendo estudada por laboratórios como o Instituto Butantan, fabricante da vacina da gripe usada no SUS.

  • A vacina contra a gripe deve continuar a ser ofertada na campanha promovida pelo Ministério da Saúde todos os anos em meados de março e abril;
  • Além de reforçar os anticorpos de cada pessoa, a imunização em massa impede possíveis mutações do vírus da influenza, como aconteceu entre o final de 2021 e início de 2022 com a H3N2 (variante darwin), responsável por aumento de casos de gripe em um período atípico.
“Em 2020, nós ficamos sem gripe. Em 2021, só apareceu no final do ano com a H3N2, e agora reapareceu com H1N1. É uma doença que também vai precisar ser trabalhada a questão de informação por conta do diagnóstico. Os sintomas são muito parecidos com a Covid e a pessoa às vezes testa para Covid, dá negativo, e não testa para influenza”, explica o infectologista Alexandre Zavascki.

Dengue

Desde a década de 1980, o Brasil vive ciclos anuais com maior e menor intensidade em relação à dengue. 2022 foi marcado por uma explosão de casos e recorde de mortes pela doença. E, de acordo com especialistas, como a previsão aponta para um verão chuvoso, a tendência é de que a dengue siga em alta até meados de abril de 2023.

Esse avanço pode ser freado com políticas públicas para orientar e incentivar à população a controlar o vetor da doença, que é o mosquito Aedes aegypti infectado.

“Para você controlar a dengue, você precisa controlar o vetor, que é o mosquito. Para controlar o vetor, você precisa da colaboração da população e de ações públicas. As ações nos municípios foram bastante diminuídas por conta da pandemia, como os ‘fumacê’ e as visitas dos agentes de saúde e de endemias”, diz o médico Alexandre Naime Barbosa.

Mpox

Junto com a Covid e a poliomielite, a mpox hoje é a terceira emergência de saúde pública internacional em vigor, declarada pela OMS em desde julho de 2022.

  • Casos da doença já foram identificados em 118 países.
  • No Brasil, até 14 de dezembro, mais de 10,2 mil casos e 14 mortes haviam sido confirmadas – o país é um dos recordistas.
  • De acordo com o monitoramento do Ministério da Saúde, o pico das infecções ocorreu entre o final de julho e o início de agosto deste ano. Desde então, a notificação de casos confirmados está em queda, o que deve permanecer, segundo infectologistas.
  • A OMS não recomenda a vacinação em massa contra a mpox.

Infectologistas ouvidos pelo g1 afirmam que, assim que disponível, a vacina deve ser destinada de forma prioritária para pessoas que vivem com HIV/Aids. “Mais da metade dos casos no Brasil são pessoas que vivem com HIV. E, dos 14 óbitos, a maioria tinha imunossupressão grave”, afirma Barbosa.

O Ministério da Saúde comprou cerca de 50 mil doses da vacina contra a varíola, que também fornece proteção contra a mpox. Mas o público-alvo ainda não foi definido, nem houve distribuição das doses.

AliançA FM                        Fim da pandemia      Fim da pandemia Fim da pandemia Fim da pandemia Fim da pandemia Fim da pandemia

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