Espanha: Lula volta a defender fim da guerra na Ucrânia
O presidente Lula disse nesta terça-feira (25) que a soberania da Ucrânia sobre seu território é incontestável. Ele compareceu a uma sessão do Parlamento português em comemoração da Revolução dos Cravos.
Lula foi recebido pelo presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva. Por ser 25 de abril, dia em que se comemora a Revolução dos Cravos, Lula e Santos Silva portavam cravos vermelhos na lapela. É um importante feriado português – dia de celebrar a democracia. Em 25 de abril de 1974, um levante militar e popular encerrou um longo período de ditadura. Foi um movimento rápido e pacífico, simbolizado pelo cravo, uma flor colocada na baioneta dos soldados.
A visita de Lula aconteceu antes de uma sessão para comemorar a data. No discurso de boas-vindas, o líder do Partido Socialista destacou a reaproximação entre os dois países desde a posse de Lula. Quando chegou a vez de o presidente do Brasil, deputados do partido de extrema-direita, Chega, bateram nas mesas e levantaram bandeiras da Ucrânia , além de cartazes contra a corrupção. Os 12 deputados foram duramente repreendidos pelo presidente da Assembleia. Santos Silva disse que o grupo manchava a imagem de Portugal.
“Os deputados que quiserem permanecer na sessão plenária têm que se portar com cortesia, educação, que é exigida de qualquer representante do povo português. Chega de insultos. Chega de degradarem as instituições. Chega de porem vergonha no nome de Portugal”, disse o presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva.
Lula prosseguiu em um discurso de pouco mais de 15 minutos. Falou da influência da Revolução dos Cravos no Brasil; disse que o movimento que pôs fim à ditadura em Portugal, há exatos 49 anos, inspirou a redemocratização no Brasil.
“Do outro lado do Atlântico, nós, brasileiros, assistimos com admiração e esperança a Revolução dos Cravos dar origem a uma vibrante democracia parlamentar com as impressionantes conquistas políticas e sociais alcançadas com tanto esforço. O êxito dos nossos irmãos portugueses nos mostravam que em breve seria a vez de nós, brasileiros, iniciarmos nossa jornada rumo à reconquista da liberdade e da democracia”, declarou Lula.
Lula foi muito aplaudido quando citou uma canção de Chico Buarque, inspirada na Revolução dos Cravos.
“Sei também o quanto é preciso navegar, navegar”, afirmou.
Depois, Lula disse, mais uma vez, que o Brasil voltou ao cenário internacional; defendeu o papel fundamental do país na garantia da segurança alimentar mundial; reafirmou o compromisso do Brasil na proteção ao meio ambiente e no combate às mudanças climáticas; disse que o mundo tem vivido crises multipolares nas últimas décadas, que levaram ao extremismo e ao ódio; e pediu um mundo com influências multilaterais.
Lula disse, ainda, que é preciso reformar o Conselho de Segurança da ONU e voltou a falar da guerra na Ucrânia.
No início de abril, o presidente brasileiro tinha dito que, assim como a Rússia, a Ucrânia, país invadido, tinha responsabilidade na guerra, e afirmou que Europa e Estados Unidos contribuíram para a continuidade do conflito. Depois de ser criticado pelos Estados Unidos e União Europeia, Lula defendeu, pela segunda vez, a integridade do território ucraniano. Disse que a solução para o conflito tem que ser pacífica e que a soberania territorial da Ucrânia é incontestável. Espanha: Lula volta a defender Espanha: Lula volta a defender
“Condenamos a violação da integridade territorial da Ucrânia. Acreditamos em uma ordem internacional fundada no respeito aos direitos internacionais e na preservação da soberania nacionais. Ao mesmo tempo, é preciso admitir que a guerra não poderá seguir indefinidamente. A cada dia que os combates prosseguem, aumenta o sofrimento humano, a perda de vidas e a destruição de lares. As crises alimentar e energética são problema de todo mundo. Todos nós fomos afetados de alguma forma pelas consequências da guerra”, afirmou Lula. Espanha: Lula volta a defender Espanha: Lula volta a defender Espanha: Lula volta a defender
Após a saída de Lula, muitos deputados permaneceram no plenário e cantaram “Grândola, Vila Morena”, a música que foi símbolo da Revolução dos Cravos.
Em seguida, o presidente embarcou para a Espanha. Em Madri, se reuniu com lideranças sindicais e também participou de um fórum empresarial. A Espanha é o segundo maior investidor estrangeiro no Brasil, depois de os Estados Unidos. Aos empresários, o presidente disse que espera ter boas notícias ainda em 2023 sobre a conclusão do acordo comercial entre Mercosul e União Europeia.
“O Brasil como sócio da Mercosul, está engajado em um diálogo para concluir as negociações com a União Europeia. Esperamos ter boas notícias ainda esse ano. É um acordo muito importante para todos”, afirmou o presidente do Brasil e queremos que seja equilibrado e que contribua para a reindustrialização do Brasil.