Dupla que ajudou no desenvolvimento de vacinas de mRNA recebe o prêmio Nobel de Medicina em 2023.

Dupla que ajudou no desenvolvimento de vacinas de mRNA recebe o prêmio Nobel de Medicina em 2023.

Dupla que ajudou no desenvolvimento de vacinas de mRNA recebe o prêmio Nobel de Medicina em 2023.


Dupla que ajudou no desenvolvimento de vacinas de mRNA recebe o prêmio Nobel de Medicina em 2023.

A bioquímica húngara Katalin Karikó e o médico americano Drew Weissman receberam o Prêmio Nobel em Fisiologia ou Medicina de 2023 por seus trabalhos no desenvolvimento de vacinas de RNA mensageiro, que são essenciais para combater o COVID-19.

“Por meio das suas descobertas inovadoras, que mudaram fundamentalmente a nossa compreensão de como o mRNA interage com o nosso sistema imunológico, os laureados contribuíram para o desenvolvimento de vacinas durante uma das maiores ameaças à saúde humana nos tempos modernos”, justificou o comitê que define os vencedores.

Os premiados receberão 11 milhões de coroas suecas, ou cerca de R$ 5 milhões, além de uma medalha de ouro de 18 quilates e um diploma.

Os próximos dias serão marcados pela premiação. O vencedor do Nobel de Física e Química será anunciado nesta terça (3) e quarta (4). Os vencedores em Literatura (5) e Paz (6) serão posteriormente anunciados. O Prêmio de Economia chegará na semana seguinte (9).

Os prêmios serão entregues no dia 10 de dezembro, data do aniversário de Alfred Nobel.

DESVENDANDO O MRNA

A informação genética codificada no DNA é transferida para o RNA mensageiro (mRNA) nas células. O mRNA serve como modelo para a produção de proteínas. Técnicas eficientes para produzir mRNA foram desenvolvidas durante a década de 1980, mas a implementação da tecnologia em vacinas e terapias enfrentava alguns desafios.

Em primeiro lugar, o mRNA transcrito in vitro foi considerado instável e difícil de chegar às células. Para isso, foram desenvolvidas cápsulas de gordura, também conhecidas como lipídios, que são capazes de transportar o material até seu destino. O mRNA produzido in vitro também desencadeou reações inflamatórias no organismo.

No entanto, Karikó não foi afastado de sua intenção de desenvolver métodos de uso de mRNA em terapias apesar desses desafios e das dificuldades em persuadir financiadores de pesquisa a apoiar seu projeto.

Ela começou a colaborar com Weissman em uma nova abordagem nos anos 1990. O imunologista se interessou pelas células dendríticas, que desempenham funções cruciais no monitoramento do sistema imune e no desencadeamento da resposta imune desencadeada por vacinas.

A dupla descobriu que as células dendríticas podem reconhecer o mRNA transcrito in vitro como algo estranho. Isso ativa e libera moléculas sinalizadoras inflamatórias. Era fundamental para descobrir características importantes que distinguem o mRNA produzido naturalmente no organismo do mRNA desenvolvido em laboratório.

O RNA contém quatro bases: A, U, G e C. Kariko e Weissman sabiam que as bases no RNA das células eram alteradas quimicamente com frequência, enquanto o mRNA transcrito in vitro não é. Para investigar essa hipótese, eles criaram várias variantes de mRNA, cada uma com alterações químicas distintas em suas bases. Eles se perguntaram se a ausência de bases alteradas poderia explicar a reação inflamatória indesejada.

Os resultados foram incríveis: quando as modificações de base foram adicionadas, a resposta inflamatória quase desapareceu. Isso demonstrou uma mudança na nossa compreensão do processo pelo qual as células reconhecem e respondem a várias variedades de mRNA.

Essas descobertas foram publicadas no ano de 2005. Karikó e Weissman demonstraram em estudos posteriores em 2008 e 2010 que a entrega de mRNA gerado com modificações de base aumenta significativamente a produção de proteínas em comparação com o mRNA não modificado. Isso elimina outra barreira para aplicações clínicas do RNA mensageiro.

Após essas descobertas, o interesse pelo mRNA começou a aumentar e em 2010, várias empresas já trabalhavam no desenvolvimento de vacinas com essa tecnologia. Isso permitiu o desenvolvimento de duas vacinas de mRNA que codificam a proteína da superfície do SARS-CoV-2 em velocidade recorde durante a pandemia de COVID-19, salvando milhões de vidas.

PERFIL DOS PREMIADOS

Em 1955, Katalin Karikó nasceu em Szolnok, Hungria. Em 1982, ela terminou seu doutorado na Universidade de Szeged. Ela fez pós-doutorado nos anos seguintes na Academia Húngara de Ciências e na Temple University. Foi nomeada professora assistente na Pensilvânia em 1989 e permaneceu lá até 2013. Após isso, assumiu o cargo de vice-presidente na BioNTech RNA Pharmaceuticals. Desde 2021, leciona na Universidade de Szeged e na Pensilvânia.

Drew Weissman nasceu em Massachusetts, EUA, em 1959. Ele recebeu seu doutorado pela Universidade de Boston em 1987 e fez pesquisas de pós-doutorado nos NIH. Weissman fundou seu grupo de pesquisa na Escola de Medicina Perelman da Universidade da Pensilvânia em 1997. Ele ocupa o cargo de diretor do Penn Institute for RNA Innovations.

ÚLTIMOS GANHADORES

O pesquisador sueco Svante Pääbo recebeu o prêmio no ano passado por desvendar os genomas de hominínios extintos – ou seja, membros desaparecidos do grupo de primatas ao qual pertencem os seres humanos. Em 2010, ele liderou, entre outras coisas, os esforços para sequenciar o DNA completo dos neandertais, que desapareceram há cerca de 40 mil anos.

Em 2021, os vencedores foram David Julius, um americano, e Ardem Patapoutian, um armênia, de 54 anos. Os dois explicaram como o sistema nervoso responde a estímulos de temperatura e toque na pele.

Três cientistas receberam o prêmio Nobel de Medicina em 2020 pela descoberta do vírus da hepatite C. Os laureados foram Michael Houghton do Reino Unido e Harvey Alter e Charles Rice dos Institutos Nacionais de Saúde dos EUA (NIH) e da Universidade Rockefeller, respectivamente.

Em 2019, William G. Kaelin da Universidade Harvard, Peter J. Ratcliffe da Universidade de Oxford e Gregg L. Semenza da Universidade Johns Hopkins receberam prêmios por sua pesquisa sobre como as células percebem e alteram o comportamento em resposta à disponibilidade de oxigênio.

Em 2018, James P. Allison e Tasuku Honjo receberam prêmios por suas descobertas sobre imunoterapia, que é o tratamento do câncer por meio do uso de drogas que aumentam a capacidade do sistema imunológico de funcionar melhor.

A estrutura do DNA por James Watson, Francis Crick e Maurice Wilkins (1962), a penicilina por Fleming e outros (1945), o ciclo do ácido cítrico por Hans Krebs (1953) e a estrutura do sistema nervoso por Camillo Golgi e Santiago Ramón y Cajal (1906) estão entre as descobertas que receberam elogios.

“É meu desejo que, ao atribuir os prêmios, nenhuma consideração seja dada à nacionalidade, mas que o prêmio seja concedido à pessoa mais digna, sejam ou não escandinavos”, diz o testamento de Alfred Nobel.

Apesar do desejo, as premiações científicas em países ricos têm uma concentração expressiva. Isso sem falar nas poucas mulheres premiadas. Somente 13 dos 227 laureados em Medicina ou Fisiologia desde 1901 são mulheres.

COMO É ESCOLHIDO O GANHADOR DO NOBEL

A morte do inventor da dinamite, Alfred Nobel, marcou o início da premiação. Em seu testamento final de 1895, Nobel afirmou que parte de sua fortuna deveria ser usada para construir um prêmio. Sua família contestou isso. Em 1901, o primeiro prêmio foi entregue. Dupla que ajudou no desenvolvimento Dupla que ajudou no desenvolvimento 

Um grupo de cincuenta pesquisadores do Instituto Karolinska, na Suécia, começou a escolher um vencedor em fisiologia ou medicina. Em seu testamento, Alfred Nobel deu à instituição a tarefa de selecionar pesquisadores que tenham feito um grande impacto no futuro da humanidade.

O processo começa um ano antes da premiação, geralmente em setembro, com o envio de convites para escolher um nome para o prêmio, que deve ser concluído até o dia 31 de janeiro.

As pessoas que podem ser citadas incluem membros do Comitê do Nobel do Instituto Karolinska; profissionais ligados à Academia Real Sueca de Ciências em biologia e medicina; vencedores de prêmios em fisiologia, medicina ou química; professores titulares de medicina em instituições suecas, norueguesas, finlandesas, islandesas ou dinamarquesas; professores em cargos semelhantes em outras faculdades de medicina em universidades de todo o mundo, selecionados pelo Comitê do Nobel A auto-indicação não é aceita.

 

 

AliançA FM

 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *