Compra de gás russo pelo Ocidente financia guerra na Ucrânia

Compra de gás russo pelo Ocidente financia guerra na Ucrânia

Moscou quer que países ocidentais paguem por gás russo em rublos, numa tentativa de valorizar moeda do país. Medida viola contratos com pagamentos em dólares e deve pressionar europeus dependentes da energia russa.

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, disse na última quarta-feira (23) que a compra de gás russo por “países hostis” – ou seja, as nações do Ocidente que apoiam sanções contra Moscou – deverá ser paga em rublos.

Ocidente e Rússia

Mesmo em meio à tensão entre o Ocidente e a Rússia, Moscou afirma que continuará a cumprir suas obrigações de entrega. A Gazprom, principal estatal russa de gás, por exemplo, está enviando 104 milhões de metros cúbicos de gás através de gasodutos na Ucrânia para a Europa na quinta-feira.

Mas o anúncio de Putin provocou preocupação em grandes compradores de gás, como a Alemanha. “Pagar em rublos é, antes de tudo, uma violação dos contratos”, reagiu o ministro alemão da Economia, Robert Habeck (Partido Verde), na noite da última quarta-feira.

Putin instruiu seu governo e o Banco Central russo a elaborarem os detalhes exatos da mudança na forma de pagamento dentro de uma semana.

O rublo financia a guerra

A medida também pode ser uma resposta à forma como as sanções prejudicaram a habilidade da Rússia em fazer transações com moedas como o dólar ou o euro.

“É claro que a Rússia ainda pode tentar trocar moedas com outros países como Índia e China. Mas é claro que não pode fazer nada no Ocidente no momento”, afirma o economista-chefe do banco ING, Carsten Brzeski.

“Mas ele [Putin] precisa de rublos: ele tem que financiar a guerra com rublos, então, do ponto de vista dele, é uma jogada muito esperta.”

Além disso, mudar os pagamentos para rublos teria consequências e benefícios ainda mais abrangentes para a Rússia. Isso fortaleceria o rublo e apoiaria novamente o Banco Central russo após a instituição ser cortada dos mercados de capitais internacionais pelas sanções ocidentais.

“Agora Putin os promoveria de volta a uma posição central porque então precisaríamos do banco para pagar pelo gás”, explica o professor Jens Südekum.

Isso porque pagamentos por entregas de gás envolvem grandes somas, que não podem ser obtidas tão facilmente nos mercados de câmbio, especialmente no quadro atual. Os compradores de gás não teriam escolha a não ser trocar moeda estrangeira por rublos junto ao Banco Central russo, indiretamente enfraquecendo as sanções impostas ao regime de Putin e à economia russa.

AliançA FM

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