O presidente Jair Bolsonaro ameaçou um jornalista neste domingo (23).
Enquanto se aproximava da Catedral de Brasília, um repórter do jornal “O Globo” perguntou sobre cheques no valor total de R$ 89 mil que teriam sido depositados entre 2011 e 2016 pelo ex-assessor Fabrício Queiroz e pela esposa dele, Márcia Aguiar, na conta da primeira-dama, Michelle Bolsonaro.
Primeiro, Bolsonaro disse que não iria responder. Depois, o presidente disse aos jornalistas: “Eu vou encher a boca desse cara na porrada”. Na sequência, o presidente emendou: “Minha vontade é encher tua boca na porrada”.
Sobre o episódio, o jornal “O Globo” divulgou a seguinte nota: “O Globo repudia a agressão do presidente Jair Bolsonaro a um repórter do jornal que apenas exercia a sua função, de forma totalmente profissional, neste domingo. Tal intimidação mostra que Jair Bolsonaro desconsidera o dever de qualquer servidor público, não importa o cargo, de prestar contas à população. Durante os governos de todos os presidentes, O Globo não se furtou a fazer as perguntas necessárias para cumprir o papel maior da imprensa, que é informar os cidadãos. E continuará a fazer as perguntas que precisarem ser feitas, neste e em todos os governos”.
O presidente da Associação Nacional de Jornais, Marcelo Rech, disse que é lamentável que mais uma vez o presidente reaja de forma agressiva e destemperada a uma pergunta de um jornalista e que essa atitude em nada contribui com o ambiente democrático e de liberdade de imprensa previstos pela Constituição.
O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, Felipe Santa Cruz, afirmou que o presidente vinha muito bem nas últimas semanas, com moderação, contribuindo para a pacificação do debate público. E que é lamentável ver a volta do perfil autoritário que tanta apreensão causa nos democratas.
A Associação Brasileira de Imprensa afirmou que mais uma vez o presidente Jair Bolsonaro choca o país com o seu comportamento grosseiro. Que tal comportamento mostra não apenas uma inaceitável falta de educação, mas também uma tentativa de intimidação da imprensa, buscando impedir questionamentos incômodos.
A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo afirmou que a reação de Bolsonaro não foi apenas incompatível com sua posição no mais alto cargo da república, mas também com as regras de convivência em uma sociedade democrática.