Para garantir que uma vacina contra a covid-19 seja segura e não tenha traços de um contaminante chamado endotoxina, as empresas farmacêuticas do mundo dependem de um dos animais mais antigos do mundo. Conhecido como um “fóssil vivo”, estima-se que o caranguejo-ferradura esteja na Terra há cerca de 450 milhões de anos.
De acordo com os especialistas, o animal tem sangue azul e nele é encontrado o Lisado de Amebócitos de Limulus. A substância, que só existe nessa espécie, detecta a endotoxina e se solidifica ao ter contato com qualquer traço dela, com o líquido é possível ter certeza que um medicamento é estéril e pode ser injetado sem perigo no corpo humano.
Segundo a revista National Geographic, em 2016, foi criada uma alternativa sintética, mas muitos países ainda não a aceitam. Por ser tão exclusivo, o sangue do caranguejo-ferradura é um dos produtos mais caros do mundo. Cada litro dele pode ser vendido por cerca de US$ 15 mil (cerca de R$ 80 mil). Para garantir que as empresas tenham acesso a ele, são capturados quase meio milhão de animais por ano, a concha é perfurada perto do coração do bicho, se colhe 30% de seu sangue, e ele é devolvido à natureza.
Estima-se que entre 10% e 30% dos animais acaba morrendo no processo. As fêmeas que passaram pelo procedimento também apresentam mais dificuldade em procriar. Especialistas já estão começando a se preocupar com a diminuição rápida na quantidade de exemplares da espécie.
Apesar de a produção em massa da vacina contra a Covid-19 provavelmente apresentar um baque no recolhimento do sangue azul entre os laboratórios que comercializam o líquido. Para fazer 5 bilhões de doses da vacina contra o coronavírus, a quantidade necessária de sangue seria o equivalente ao que os centros produzem, juntos, em apenas um dia.
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