A movimentação de tropas na fronteira entre Rússia e Ucrânia pôs o mundo em alerta. Num contexto mais recente, o conflito recupera disputas ocorridas em 2014, quando o território da Crimeia, península ucraniana, foi incorporado à Rússia. Há, no entanto, dimensões geopolíticas e históricas relacionadas ao confronto, que remontam à Guerra Fria.
Em meio à troca de acusações, os Estados Unidos dizem que há uma ameaça “iminente” de Moscou a Kiev e enviaram mais de 8 mil soldados para a Europa Oriental.
Já o governo de Vladimir Putin, por sua vez, negou a possibilidade de um ataque e acusa Washington de tentar levar seu país à guerra contra a Ucrânia.
A fronteira entre as duas nações, no entanto, já acumula mais de 100 mil soldados russos, o que disparou alarmes em vários ministérios das Relações Exteriores ao redor do mundo, que falam abertamente da possibilidade de uma guerra.
Qual é a situação atual na fronteira?
Os Estados Unidos e a Otan descreveram os movimentos e concentrações de soldados dentro e ao redor da Ucrânia como “incomuns”.
Cerca de 130 mil soldados russos permanecem acumulados na região da fronteira ucraniana, apesar de alertas do presidente dos EUA, Joe Biden, e líderes europeus para sérias consequências “severas” no caso de Vladimir Putin avançar com uma invasão.
Os serviços de inteligência norte-americanos estimaram que a Rússia poderia começar antes do final dos Jogos Olímpicos de Inverno de Pequim, que terminam em 20 de fevereiro.
A Rússia criou pontos de pressão em três lados da Ucrânia – na Crimeia, ao sul, no lado russo da fronteira entre os dois países e em Belarus, ao norte.
Nesta terça (15), algumas tropas nos distritos militares da Rússia adjacentes à Ucrânia estão retornando às suas bases depois de completar os exercícios, informou o Ministério da Defesa russo.
História do conflito entre Ucrânia e Rússia?
As tensões entre Ucrânia e Rússia, ambos ex-estados soviéticos, escalaram em 2013, após um acordo político e comercial histórico com a União Europeia. Após o então presidente pró-Rússia, Viktor Yanukovych, suspender os diálogos – supostamente sob pressão de Moscou – semanas de protestos em Kiev explodiram em violência.
Então, em março de 2014, a Rússia anexou a Crimeia, uma península autônoma no sul da Ucrânia, com lealdade forte à Rússia, com o pretexto de que estaria defendendo os interesses locais e dos cidadãos de herança russa.
Primeiramente, milhares de soldados de herança russa, apelidados de “pequenos homens verdes” e posteriormente reconhecidos por Moscou como soldados russos, invadiram a península da Crimeia. Dentro de dias, a Rússia completou sua anexação em um referendo que foi apontado pela Ucrânia e por vários outros países como ilegítimo.
Pouco tempo depois, separatistas pró-Rússia nas regiões ucranianas de Donetsk e Luhansk declararam sua independência de Kiev, levando a meses de conflitos. Apesar de Kiev e Moscou terem assinado um acordo de paz em Minsk, em 2015, intermediado pela França e pela Alemanha, ocorreram repetidas violações do cessar-fogo.
De acordo com dados da Organização das Nações Unidas (ONU), ocorreram mais de 3 mil mortes de civis relacionadas ao conflito no leste da Ucrânia desde março de 2014.
A União Europeia e os Estados Unidos impuseram uma série de medidas em resposta às ações russas na Crimeia e no leste ucraniano, incluindo sanções econômicas mirando indivíduos, entidades e setores específicos da economia russa.
O Kremilin acusa a Ucrânia de causar tensões no leste do país e violar o acordo de cessar-fogo de Minsk.
AliançA FM