Velório de Pelé teve mais de 150 mil pessoas se despedindo

Despedir-se de Pelé em seu velório na Vila Belmiro transformou-se em um ato de resistência mesmo durante a madrugada desta terça-feira (3).

 

Despedir-se de Pelé em seu velório na Vila Belmiro transformou-se em um ato de resistência mesmo durante a madrugada desta terça-feira (3). O motivo é que a fila seguiu enorme, com reduções em alguns momentos. Mais de 150 mil pessoas já tinham passado pelo local até 2h30. O velório segue até às 10 horas.

O superintendente operacional Anderson Tomaselli, de 48 anos, pode se considerar um vencedor. Ele esperou três horas para se despedir de Pelé, chegando por volta das 21 horas e saindo pouco depois da meia-noite. “Esperaria o tempo que fosse preciso para esse momento”, afirma o morador do bairro Saboó, em Santos.

A distância de cerca de 5 metros entre o local de passagem das pessoas e a tenda com o caixão foi o mais perto que Anderson conseguiu chegar do Rei do Futebol. “O máximo até então foi tê-lo visto no camarote na Vila. Até tenho um autógrafo dele, mas conseguiram para mim”, relembra.

A analista de exportação Sandra Alves era outra que estava realizada, mesmo depois de enfrentar quase quatro horas de fila para a despedida de Pelé. “Ele levou o Santos e a Cidade para o mundo. Todas as homenagens feitas ainda serão poucas diante de tudo o que ele representa”, afirma a moradora do bairro Gonzaguinha, em São Vicente.

Sandra estava acompanhada do marido, o vendedor Marcelo Silva e o filho Leonardo, de 7 anos. Enquanto o pai chegou a atuar nas categorias de base do clube, o menino veio pela segunda vez no estádio – a outra havia sido em outubro, em evento no Dia da Criança. “Ele queria vir de tanto o avô, que veio de Aracaju, em Sergipe, falar do Pelé. Lá em casa se aprende a cantar o hino do Santos antes de falar”, conta Sandra.

Em meio a isso, a Torcida Jovem homenageou Pelé no velório, deixando arrepiada a autônoma Fabiana Alves Chinen. Ela nem acreditou na tranquilidade do filho Luan. O velório de Pelé foi a primeira vez do menino de 2 anos na Vila Belmiro. “Pensei que ele fosse chorar, pois foi bem na hora que a Torcida Jovem começou a cantar. Mas isso não aconteceu. Sinal de que ele é santista mesmo”, conta a torcedora, que também estava acompanhada do filho Yuri, de 15 anos.

Por outro lado, imagine um trio de torcedores corintianos uniformizados para se despedir de Pelé. Tinha também na longa fila do velório: eram Dorival Fagundes, de 62 anos, o filho Pedro, de 9, e o sobrinho Wagner, de 47 anos. ‘Viemos de São Paulo para isso. E ele fez muitos gols contra a gente”, lembra Dorival.

“O mais importante é que ele fazia a arte dele, sem essas coisas de agora. Hoje não tem rivalidade. Tanto que viemos com a camisa do Corinthians. Tudo pelo Pelé”, comenta.

Cortejo e sepultamento

Ao fim do velório nesta terça-feira, o corpo seguirá em cortejo pela Avenida Bernardino de Campos, Canal 2, indo até a orla, e chegando até a Avenida Joaquim Montenegro, o Canal 6, na Ponta da Praia, perto de onde reside dona Celeste. Ela completou 100 anos em 20 de novembro.

Depois, o cortejo segue pela praia até a Avenida Pinheiro Machado, Canal 1, rumo ao cemitério Memorial Necrópole Ecumênica, no bairro Marapé, para o sepultamento restrito aos familiares.

Daqui a algum tempo, o mausoléu no primeiro andar do local, onde ficará o corpo do Rei do Futebol, será aberto para visitação.

Celebridades

A madrugada fez diminuir bastante o fluxo de autoridades e celebridades na Vila Belmiro. Torcedor do Santos, o cantor Suola esteve no velório de Pelé por cerca de uma hora.

O filho do político Eduardo Suplicy (PT), outro torcedor do Peixe, lembrou do passado da família no clube e o valor do Rei no exterior. “Quando se fala no Brasil no exterior, é Pelé. Não tem outra coisa. Love, love, love por Pelé”, comentou.

A frase refere-se aos dizeres de Pelé em sua despedida do futebol, em 1977, pelo Cosmos, em Nova Iorque, nos Estados Unidos. “Vou dar um salve pro Rei”. Foi a frase do rapper Mano Brown ao chegar no velório de Pelé na Vila Belmiro. E foi só isso que ele disse. Ele deixou o velório às 2h20 sem falar com a imprensa.

O ex-jogador Neto mostrou todo seu amor por Pelé na chegada ao velório na Vila Belmiro. “Ele não é um.ídolo brasileiro, mas do mundo. Mas estamos em um país sem educação nem cultura. O Edson é humano e falha. O Pelé não”, afirma.

A morte

Pelé morreu na quinta-feira (29), depois de um mês internado no Hospital Albert Einstein, na Capital. Ele tratava de um câncer no cólon.

O quadro sofreu agravamento no dia 21 de dezembro, quando o boletim médico indicava “progressão oncológica”, com necessidades de cuidados para as funções renais e cardíacas.

O velório do Rei do Futebol começou às 10h desta segunda-feira (2), na Vila Belmiro, e deverá durar 24 horas. Em seguida, o corpo será sepultado em Santos após um cortejo. (Com informações G1)

AliançA FM

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