A maracutaia foi constatada pelos agentes ambientais no sistema de controle estadual da Semas
Em uma ação de grande impacto realizada esta semana, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) suspendeu mais de 51 mil metros cúbicos de créditos de madeira em toras e seis mil estéreos de créditos de lascas de acapú (Vouacapoua americana), uma espécie nativa da Amazônia que está ameaçada de extinção.
A operação aconteceu em Tomé-Açu, no Pará, e revelou fraudes em um projeto de exploração madeireira, resultando na apreensão de cerca de três mil metros cúbicos de madeira nativa sem origem legal e no bloqueio de três empresas envolvidas no esquema. As infrações resultaram em mais de R$ 30 milhões em multas ambientais aplicadas contra os responsáveis pelo projeto e as indústrias que se beneficiaram dos créditos ilegais.
Os agentes do Ibama identificaram que os créditos florestais inseridos no sistema de controle da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas-PA) estavam quase dez vezes acima do volume real de madeira que foi extraído legalmente na área autorizada. Esse volume fictício de créditos servia para acobertar a exploração ilegal de madeira, permitindo que enormes quantidades de produtos florestais fossem comercializadas como se tivessem origem regular.
Para se ter uma ideia da escala da fraude, seria o equivalente a cerca de 360 caminhões bitrem carregados de madeira serrada e 55 caminhões de estacas de acapú. A estimativa é que o esquema fraudulento poderia gerar um faturamento de aproximadamente R$ 25 milhões.
Operações como essa são fundamentais para a proteção da Amazônia e o combate ao desmatamento ilegal. A exploração desenfreada e clandestina de espécies ameaçadas, como o acapú, representa não apenas um dano ambiental significativo, mas também uma ameaça aos esforços de preservação da biodiversidade e sustentabilidade na região.
O esquema desmontado em Tomé-Açu mostra o quanto é essencial fortalecer a fiscalização e a aplicação rigorosa da lei para impedir que grupos inescrupulosos explorem ilegalmente os recursos naturais da floresta, colocando em risco ecossistemas inteiros.
Além dos impactos ambientais devastadores, a extração ilegal de madeira prejudica a economia local, desestabiliza mercados e muitas vezes está ligada a outras atividades criminosas, como lavagem de dinheiro e corrupção. Bloquear empresas que operam de forma fraudulenta e aplicar multas severas são medidas necessárias para desmobilizar essas redes criminosas, desestimulando práticas ilícitas que favorecem o desmatamento.
A operação do Ibama em Tomé-Açu é um exemplo claro de como a fiscalização pode expor e desmantelar esquemas sofisticados de fraude, contribuindo para a preservação da floresta e para a defesa das espécies ameaçadas que nela habitam. No entanto, para que ações como essa tenham sucesso a longo prazo, é preciso apoio contínuo e investimentos em monitoramento, tecnologia e reforço de políticas ambientais, além de uma colaboração estreita entre autoridades federais, estaduais e a sociedade civil.
A Amazônia não pode ser vista apenas como uma fonte inesgotável de recursos; ela é um patrimônio natural que precisa ser protegido para garantir o futuro das próximas gerações.
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Fonte: VER-O-FATO
AliançA FM