São Paulo adia volta às aulas após ter 64% de crianças assintomáticas

Prefeito Bruno Covas disse que resultado de mapeamento demonstra risco de aumento de contágios e veta reabertura das escolas em setembro. por Cezar Xavier

Mais de 64% das crianças infectadas pelo coronavírus na cidade de São Paulo são assintomáticas, e 16% já tiveram contato com o vírus, aponta mapeamento feito pela Prefeitura de São Paulo em seis mil crianças e adolescentes de 4 a 14 anos. Além disso, a prevalência do vírus foi maior nelas do que nos adultos. Entre os adultos o percentual de casos assintomáticos é de 40%, enquanto nas crianças é de quase 65%.

“64,4% das crianças que testaram positivo foram completamente assintomáticas e 35,6% foram sintomáticas. Quase que praticamente duas vezes mais o número de crianças que testaram positivo e não apresentaram sintomas”, revelou o secretário municipal de Saúde, Edson Aparecido.

O dado faz parte do inquérito sorológico realizado pela gestão municipal entre os dias 6 e 10 de agosto, e foram apresentados no início da tarde desta terça-feira (18) pelo secretário e pelo prefeito Bruno Covas (PSDB) em coletiva de imprensa virtual. Segundo a prefeitura, foram testados 6 mil alunos de 4 a 14 anos.

“O retorno às aulas seria muito temerário em um momento como esse”, disse Covas, que descartou qualquer retomada de atividades escolares na cidade em setembro, como quer o governador paulista João Doria (PSDB). Outro dado preocupante é que pelo menos 25% das crianças da rede municipal de educação moram com alguma pessoa idosa.

A desigualdade social também se reflete no impacto da doença entre crianças negras, que tiveram 30% mais confirmações de casos do que crianças brancas. A prevalência ficou em 17,8% entres as negras e 13,7% entre as brancas. O mesmo ocorreu em relação à renda familiar, com maior prevalência nas classes D e E, do que nas demais.

Segundo Covas, os dados mostram que a estratégia de medir a temperatura de crianças e monitorar os sintomas na entrada das escolas, durante a volta às aulas em São Paulo, seria insuficiente para controlar um eventual foco da covid-19. “As escolas seriam grandes vetores de contaminação e transmissão da covid-19. Retomar as aulas significa ampliar o número de casos, mortes e internações”, ressaltou.

O objetivo da pesquisa é tentar descobrir, por amostragem, quantas pessoas já foram infectadas pelo novo coronavírus na cidade. O exame sorológico avalia a presença de anticorpos específicos (IgM/igG). Portanto, identifica casos passados da doença. Ele é usado para monitorar a porcentagem da população que já teve contato com o vírus.

Volta às aulas cancelada

Segundo a gestão municipal, os números demonstram o alto risco de contaminação que a retomada das aulas presenciais representariam às famílias e à comunidade escolar no município.

Com base no mapeamento, o prefeito Bruno Covas disse que as escolas municipais não serão reabertas para reforço escolar em setembro, conforme autorizado pelo governo do estado para as cidades que estão na fase amarela do plano de flexibilização econômica.

“A retomada às aulas, nesse momento, para a Prefeitura de São Paulo, significaria a ampliação do número de casos, ampliação em consequência do número de internações e do número de óbitos aqui na cidade de São Paulo, razão pela qual, na cidade de São Paulo, nós não teremos o retorno das aulas em setembro, como o estado autorizou de reforço com apenas 35% das salas funcionando. Isso não ocorrerá na cidade de São Paulo”, disse Bruno Covas.

Segundo o prefeito, a determinação é válida não apenas para a rede pública municipal.

“Estamos falando de uma decisão que vale pra toda área de educação da Prefeitura de São Paulo. Claro que cabe ao prefeito e ao secretário de educação organizar as escolas municipais na retomada das aulas, mas as decisões municipais, elas são para todos. Então nós não teremos o retorno as aulas na cidade de São Paulo.”

Ainda de acordo com o levantamento, mais de 25% do alunos moram com pessoas que tem mais de 60 anos de idade, consideradas grupo de risco para a doença.

“Então, nós estamos falando de quase um milhão de alunos, nós estamos falando de 250 mil crianças que moram com os avôs, avós, tios, tias, com mais de 60 anos de idade e, portanto, podem agravar a disseminação da doença nessa faixa etária da população, que é o risco de maior vulnerabilidade”, afirmou Covas, esquecendo-se, novamente, dos professores e servidores escolares.

Portal PcdoB.

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