Alguns itens chegaram acumular mais de 100% de alta, caso do óleo de cozinha
A alimentação básica dos paraenses continua entre as mais caras do país. A constatação veio em forma de pesquisa do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos no Pará (Dieese/PA), que mostra um aumento considerável no preço dos alimentos. De março a dezembro do ano passado, alguns itens chegaram acumular mais de 100% de alta, caso do óleo de cozinha. Com sucessivas elevações, manter uma alimentação saudável tem sido uma tarefa desafiadora para o consumidor paraense. Já quem trabalha do outro lado do balcão diz que é necessário ter muita paciência para garantir o menor preço.
O exemplo do óleo de cozinha é apenas um entre os inúmeros produtos que sofreram alta. Item quase indispensável na cozinha, quem depende dele diz que se assusta a cada elevação de preço, sobretudo a quem o óleo é crucial. O vendedor Dino Augusto, 45, conhece bem esse cenário. Há dois anos ele frita salgados na hora ao preço de R$ 1 a unidade. Só de latas de óleo por dia são 12. Outros ingredientes, como picadinho, salsicha e camarão também pesam bastante.
“Eu ganho na quantidade. Se não fosse isso era impossível vender um salgado e um suco a um real. Esses produtos aumentam muito. Antes o óleo custava R$ 4,99; hoje está R$7,99. O quilo do camarão saia por 32 reais e hoje custa 48. Pior é o picadinho, que foi de 13 para 21. Então não tem um produto que não aumente. A gente tem de se virar como pode para abastecer, não perder a qualidade e o cliente”, argumenta.
Já a engenheira agrônoma Sabrina Lima, 42, se vira para não gastar acima do que pode. “Nossa família é bem grande, e durante a pandemia, até o auge, que foi o lockdown, nós passamos a ficar muito em casa. Com isso, logicamente que a alimentação sobe. Mais tempo em casa, mais comida. Então, para não perder o controle do orçamento, nós passamos a pesquisar marcas boas e mais baratas. Trocamos várias. Fora isso, percebemos o aumento gradativo da carne, do arroz, do feijão e até das verduras”, revela.
Ainda conforme a pesquisa, depois do óleo, os produtos que tiveram maiores variações foram arroz (71,78%), carne (31,92%), feijão (31,20%), o leite (26,10%) e farinha (14,10%).
Os que menos sofreram com a inflação foram pão, com aumento de 3,19% de março a dezembro; manteiga, com elevação de 6,27%, e café, que subiu em dez meses 7,70%.
Para quem não é muito adepto da cozinha tradicional, existem outras alternativas mais saudável, mas nem sempre tão acessíveis ao bolso do trabalhador. A médica Paula de Sousa diz que há alguns anos deixou de lado os alimentos mais gordurosos e optou por uma alimentação balanceada e saudável, que, segundo ela, naturalmente é mais cara. “Eu tenho uma alimentação mais saudável, e elas, por si só, são mais caras. Diante disso, eu passei a comprar a minha alimentação em Atacadão. Eles são mais baratos e com isso eu consigo economizar cerca de R$ 300 por mês”.
Se para comer em casa não está fácil, pior ainda na rua. Quem trabalha com a venda de comidas típicas reclama bastante dos aumentos. “Segurar o preço é algo muito importante para manter os clientes. Nosso último aumento nas comidas foi no ano passado, logo que estourou a pandemia. Em um ano, por exemplo, o tacacá passou de 12 para 14. Então acredito que foi um razoável”, diz a comerciante Brenda Sobrinho, 19.
A forma encontrada por ela foi mais além: garantir o fornecimento de alguns produtos de fora da cidade. “O jambu, a pimentinha, farinha, o meu tio traz do interior. Conseguimos fazer isso com alguns produtos, mas outros nós sentimos bastante o aumento. O quilo do camarão, por exemplo, saia um ano atrás por 45,50, hoje está 80,85”, revela.
Fonte: DOL