PF vai investigar espionagem feita pela Abin na gestão Bolsonaro
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, disse na tarde desta quarta-feira (15) que a Polícia Federal vai investigar o uso do programa secreto da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), entre 2018 e 2021.
“Eu vou determinar hoje à Polícia Federal a abertura de uma investigação, em relação a essa denúncia sobre a Abin, porque nós tivemos a comprovação do uso indevido de equipamentos. Na verdade, são duas situações, uma relativa à Receita Federal – que já há um inquérito instaurado – e a outra é essa relativa à Abin”, declarou Dino.
segundo a agência, o contrato que se refere ao uso do programa, de caráter sigiloso, teve início em 26 de dezembro de 2018 — ainda no governo Michel Temer — e foi encerrado em 8 de maio de 2021.
“A solução tecnológica em questão não está mais em uso na Abin desde então. Atualmente, a Agência está em processo de aperfeiçoamento e revisão de seus normativos internos, em consonância com o interesse público e o compromisso com o Estado Democrático de Direito”, conclui a nota.
O software utilizado pela agência de inteligência permitia o monitoramento de até 10 mil donos de celulares a cada 12 meses.
Segundo reportagem de “O Globo”, era possível acompanhar em um mapa a última localização conhecida do dono do aparelho. Bastava digitar o número de um contato telefônico no programa. PF vai investigar espionagem PF vai investigar espionagem
O deputado federal e diretor da Abin no governo passado, Alexandre Ramagem, escreveu nas redes sociais que o uso do software não configurou irregularidade.
“Em 2019, ao assumir o órgão, procedemos verificação formal do amparo legal de todos os contratos. Para essa ferramenta, instauramos ainda correição específica para afirmar a regular utilização dentro da legalidade pelos seus administradores, cumprindo transparência e austeridade”, disse.
Abin
Durante a gestão do governo Bolsonaro, a Abin estava sob o guarda-chuva do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), comandado por militares.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu transferir a estrutura para a Casa Civil, chefiada pelo ministro Rui Costa.
A mudança acontece quase dois meses após terroristas golpistas invadirem as sedes dos três Poderes em Brasília, em 8 de janeiro. Na ocasião, o Congresso Nacional, o Supremo Tribunal Federal e o Palácio do Planalto foram depredados.
AliançA FM