Pará lidera queimadas no Brasil e Helder usa caneta e decreto para combater fogo
Enquanto o Pará se vê devastado por incêndios que transformam vastas áreas de floresta em cinzas, o governador do estado, Helder Barbalho, adotou uma abordagem que muitos consideram insuficiente diante da gravidade da situação. No último dia 27 de agosto, Barbalho emitiu um decreto que proíbe o uso de fogo por 180 dias em todo o território paraense.
No entanto, a pergunta que ecoa entre ambientalistas e cidadãos é: será que um decreto é o suficiente para conter as chamas que ameaçam a Amazônia?
Embora o decreto seja um passo formal, ele parece distante da ação concreta necessária para enfrentar o problema. A realidade no campo é bem diferente da teoria dos papéis assinados. O Pará, um dos maiores estados brasileiros e lar de uma parte significativa da Amazônia, exige mais do que um ato executivo ou legislativo para deter os incêndios que consomem suas florestas.
Em vez de apenas colocar a caneta no papel, o governador Helder Barbalho precisa implementar medidas tangíveis e efetivas para proteger a região. Isso inclui a mobilização de brigadas de combate a incêndios equipadas e treinadas para enfrentar as chamas, além de fiscais capacitados para identificar e prender eventuais incendiários. A eficácia do decreto será seriamente questionada se não houver uma infraestrutura robusta para garantir sua execução e fiscalização.
A pressão sobre Barbalho é ainda maior com a COP 30 se aproximando, evento global que será realizado em Belém em novembro de 2025. Como anfitrião desse importante encontro internacional, o governador tem a responsabilidade não apenas de representar o Pará e a Amazônia, mas de demonstrar um comprometimento real com a preservação ambiental.
O evento trará para a cidade líderes e representantes de todo o mundo, que estarão atentos às ações do governo estadual e à eficácia de suas políticas ambientais. O que se vê, contudo, por parte de Helder Barbalho, são incêndios de pirotecnia na mídia, quase toda dominada pela família do governador às custas de generosas e polpudas verbas públicas de publicidade.
Portanto, o decreto de proibição de queimadas, embora uma medida necessária, não pode ser a única resposta. O governador precisa agir de forma proativa e estabelecer um plano de ação robusto que inclua recursos adequados e estratégias de combate ao fogo. A comunidade internacional estará de olho, e as expectativas são altas. A proteção da Amazônia e a integridade do Pará exigem ações concretas, não apenas palavras e decretos.
A realidade incendiária; Pará é líder em queimadas
Nas primeiras 48 horas de setembro de 2024, o Pará foi o estado que apresentou o maior número de queimadas no Brasil, tendo registrado 2800 focos ativos, segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Este índice é quase seis vezes maior que o listado nos dias 1 e 2 de setembro do ano passado, quando 479 focos foram detectados. O problema já afeta também a capital do Estado, Belém, que amanheceu coberta por fumaça, nesta terça-feira (3). (assista ao vídeo acima)
Segundo a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas) satélites detectaram focos de queimadas em uma área próxima ao lixão do Aurá, no limite entre os municípios de Belém e Ananindeua.
A Reportagem solicitou o posicionamento para a Semas em relação a estes focos e também ao Corpo de Bombeiros para saber se houve acionamento para alguma ocorrência de incêndio na área do Aurá, mas nenhuma resposta foi dada até a publicação desta matéria.
A fumaça, na verdade, apareceu de madrugada conforme registros feitos por motoristas que percorriam a rodovia BR-316, pelos municípios de Benevides e Marituba, na Região Metropolitana de Belém.
Ambas cidades integram a Região Metropolitana de Belém e estes focos podem ter contribuído para a fumaça na área urbana da capital.
Dados obtidos na plataforma Painel do Fogo, sistema gerenciado pelo Censipam e Inpe para dar suporte às operações de combate ao fogo, mas que não contabilizam como índices oficiais sobre focos ativos, apontam ainda focos de queimadas em Santa Izabel do Pará e Castanhal.
Na última segunda-feira (2), o Corpo de Bombeiros foi acionado para combater um princípio de incêndio em uma área de mata no bairro do Curió-Utinga, que fica próximo, inclusive, ao Parque Estadual do Utinga, em Belém.
Focos por mês
De 1º de janeiro de 2024 até 2 de setembro de 2024, o Pará registrou 21.772 focos ativos, segundo o Inpe. Ou seja, o número de focos apontados nas últimas 48 horas representa 12,86% do total registrado ao longo deste ano.
Agosto foi o mês com maior índice de queimadas no Pará, com 13.803 ocorrências de focos.
Em julho foram 3.265 focos ativos detectados no território paraense. Confira os dados do 1º semestre por mês a mês:
- Janeiro: 633 focos
- Fevereiro: 260 focos
- Março: 113 focos
- Abril: 52 focos
- Maio: 211 focos
- Junho: 635 focos
Cidades
Segundo o Banco de Dados de Queimadas (BDQueimadas), do Inpe, o maior número de focos ativos (que é o que indica onde há queima de vegetação) estão concentrados nas regiões sudeste e sudoeste do Pará.
Os municípios de Altamira, São Félix do Xingu e Novo Progresso concentram 63% do total de focos, nos dois primeiros dias de setembro. De um total de 2800 focos registrados no território paraense, 1.764 ocorreram nestas cidades.
- Altamira: 632 focos (22,6%)
- São Félix do Xingu: 624 focos (22,3%)
- Novo Progresso: 508 focos (18,1%)
Nenhum outro município paraense registrou números tão elevados de queimadas. Itaituba, que ocupa o 4º lugar no ranking, apresentou 169 focos (6% do total) entre os dias 1 e 2 de setembro de 2024.
Fogo na Serra Três Poderes
A Serra Três Poderes vêm sofrendo com focos de incêndio há pelo menos cinco dias, em Tucumã, no sudeste paraense. Para controlar as chamas, uma brigada do corpo de bombeiros foi enviada ao município.
A fumaça provocada pelo fogo se espalhou pela cidade, mas segundo o Corpo de Bombeiros o fogo já está controlado.
A Serra Três Poderes abriga uma área de preservação permanente e um campo experimental onde são cultivadas mudas de cacau e outras culturas.
Uma equipe da Operação Fênix atua na região realizando rescaldo para evitar que o fogo volte a consumir a vegetação.
Decreto
No último dia 27 de agosto, o governo do Pará baixou um decreto em que proíbe o uso de fogo por 180 dias no território paraense. Em Novo Progresso, no sudoeste do Estado, um homem foi autuado em flagrante por fogo em uma área de mata, numa propriedade particular. Com informações de agências de notícias, Folha do Progresso e portais do oeste paraense.
Fonte: Ver o Fato
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