O fascismo da Copa de 1934 fica marcado na história das Copas

O fascismo na Copa de 1934 fica marcado na historia

 

Sábado, 10 de junho de 1934, Roma. No lugar conhecido como Velho Stadio Flaminio, mais de 55 mil pessoas aguardam o início de Itália e Tchecoslováquia. Perfilados, jogadores italianos, árbitro e auxiliares levantam o braço direito e estendem a palma da mão em direção às tribunas.Não era um gesto qualquer, mas a saudação a Benito Mussolini. Era o fim da 2ª Copa do Mundo e o auge do Fascismo no futebol.

Mussolini foi, provavelmente, o primeiro governante a usar o futebol como extensão da política. Acreditava ele que poderia fidelizar as massas, especialmente a Giovinezza (a juventude), por meio do esporte. Com um Mundial jogado em território italiano, queria mostrar ao mundo sua força e capacidade de organização. De quebra, ainda buscava legitimar seu governo junto à comunidade internacional, que questionava seus métodos – obrigar professores a usarem o uniforme fascista e exibir a execução de opositores ideológicos são alguns deles, segundo conta o livro Glória Roubada: O Outro lado das Copas, do jornalista Edgardo Martolio.

“Hoje em dia, muitos veneram o futebol por ser um esporte de natureza essencialmente democrática. O baixo custo dos materiais utilizados, a fácil prática em qualquer tipo de terreno e a simplicidade das regras são os argumentos centrais de um desporto que pode ser praticado por qualquer pessoa. Vendo todas essas características inclusivas, muitos nem imaginam que esse esporte já foi utilizado como veículo de propaganda do regime fascista do ditador italiano Benito Mussolini.

Naquela época, a Europa se agitava com a ascensão dos regimes totalitários na Alemanha de Hitler e na Itália de Mussolini. Com um discurso nacionalista inflamado e calcado em uma falsa premissa de superioridade, os dirigentes desses países utilizavam das competições esportivas para alimentar o sentimento de unidade nacional entre os seus cidadãos. No caso italiano, Mussolini acabou popularizando o futebol em uma época em que o ciclismo era o esporte mais prestigiado entre os italianos.

Ao conseguir sediar a Copa de 1934 na Itália, o regime fascista utilizou os estádios como uma grande arena política para a celebração do nacionalismo italiano e seu poderoso “Duce”. Reza a lenda que Benito Mussolini teria executado a milagrosa missão de assistir a todos os jogos daquela copa. Na verdade, segundo alguns historiadores, o ditador italiano conseguiu essa falsa onipresença espalhando diversos sósias que se faziam passar por ele nas partidas.

Não bastando esse tipo de malabarismo, o ditador italiano organizou uma série de artimanhas para que a sua seleção se sagrasse campeã do torneio. Reza a lenda também que, em um comício que antecedeu a estreia da Seleção Italiana, ele teria ameaçado discretamente os jogares de morte dizendo que a participação italiana seria algo muito bom… principalmente para a vida dos seus atletas! Para que não se sentissem tão pressionados, o técnico da seleção decidiu realizar a concentração do time na Suíça.”

“Além dessas ações mais diretas, muito se comenta sobre o suborno de árbitros e a realização de manobras que favoreceram a chegada italiana ao título mundial daquele ano. Nas semifinais, por exemplo, a republicana Espanha enfrentou os fascistas italianos em uma partida cercada por erros grotescos. Após empatarem o primeiro jogo, os espanhóis acabaram não resistindo ao segundo confronto, que acabou em um a zero para os italianos. Foi depois disso que a seleção espanhola ficou conhecida como “A Fúria”.

A ITÁLIA no torneio, disputada contra a Checoslováquia, a figura do imponente ditador contava com o apoio de 50 mil torcedores e a admiração política confessa do sueco Ivan Eklind, o arbítrio da partida. Naquele jogo, apesar de sua superioridade em campo, os italianos só garantiram a vitória na prorrogação, deixando o placar ao seu favor com 2 a 1. Ao fim do evento, o futebol e o fascismo acabaram saindo prestigiados entre a população italiana.

 

AliançA FM

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