Desde a última quinta-feira, 20, moradores de vários bairros de Belém vêm registrando a presença de uma nuvem de fumaça, acompanhada de um forte cheiro de queimado, pairando sobre a cidade pela manhã. Segundo a Secretaria de Meio Ambiente do Estado (Semas), esse fenômeno é conhecido como inversão térmica, quando uma espécie de “tampão” no céu bloqueia poeira, fuligem e fumaça.
Mas até que ponto isso pode ser prejudicial para a saúde do belenense? Sobretudo no momento em que enfrentamos uma pandemia que afeta principalmente o sistema respiratório: a covid-19, provocada pelo novo coronavírus.
O Portal Roma News conversou com o médico pneumologista José Tadeu Colares Monteiro, que alertou para o risco da fumaça que atinge Belém deixar o paraense mais suscetível ao coronavírus. “As vias aéreas quando são agredidas pela poluição, fumaça ou qualquer agente irritante, causa baixa da imunidade e o indivíduo ficaria mais sujeito a infecções por vírus em geral, como o coronavírus”.
O pneumologista explicou que a fumaça, como a que atinge Belém, é extremamente tóxica para quem respira. “Como qualquer poluição, a fumaça apresenta o que chamamos de material particulado, que é extremamente tóxico não só para os pulmões, além de gases derivados da queima de matéria orgânica ou inorgânica que também pode ser prejudicial levando a doenças respiratórias alérgicas agudas ou predispondo a infecções”.
Fumaça em Belém na manhã desta setxa-feira. Foto: Márcio Diniz.
Monteiro, no entanto, ressaltou que o belenense pode se proteger da fumaça. “A proteção se dá com uma boa hidratação, alimentação adequada e tentar proteger os ambientes domésticos da entrada da fumaça, o que é um pouco mais complicado”, finalizou.
Queimadas
De acordo com o Corpo de Bombeiros e a Defesa Civil do Pará, somente na última quarta-feira, 19, foram registradas pelo menos 26 ocorrências de incêndios em vegetação, entulho e lixo na Região Metropolitana de Belém.
Em nota, os Bombeiros informaram que a fumaça vista na manhã de quinta, em alguns bairros da capital, pode ser atribuída a esse fator. “Houve um aumento no número de ocorrências de incêndios em vegetação na Região Metropolitana. Também há a possibilidade da fumaça e do odor de queimado serem oriundos dessas queimas de lixo”, diz o texto.