Apesar de corresponderem a mais da metade do eleitorado do País, pouco mais de 15% dos eleitos em 2018 e 2020 foram mulheres. Ao longo dos últimos anos, muitas medidas foram adotadas para tentar equilibrar esse quadro, como a cota de gênero, por exemplo.
Recentemente, duas novas normas entram em vigor no pleito de outubro para estimular a participação de mais mulheres na política e enfrentar a violência nessa área: a tipificação como crime eleitoral das práticas de assédio, constrangimento, humilhação, perseguição ou ameaça de candidatas ou detentoras de mandato, e a contagem em dobro dos votos recebidos por candidatas para o cálculo destinado à repartição dos recursos do Fundo Especial de Financiamento de Campanha (FEFC).
Para a cientista política e professora da Faculdade de Ciências Humanas de Olinda (Facho), Priscila Lapa, desde o direito ao voto feminino, há 90 anos, os avanços para garantir a inserção da mulher nestes espaços de poder ainda são considerados lentos.
“Nós temos barreiras culturais, institucionais e estruturais do modelo de distribuição de papéis na sociedade que impedem que esses avanços sejam mais céleres e mais significativos. Mas, acredito que esse tema não passa mais em branco na agenda da sociedade, pois temos um olhar institucional diferente” explica a especialista.
Os partidos também possuem papel fundamental nesse processo, a partir do momento em que as candidaturas masculinas recebem investimentos superiores e os cargos de liderança partidária são ocupados, em sua maioria, por homens.
“A gente tem que pensar em mecanismos para melhorar o sistema partidário como todo, fazendo com ele seja mais representativo aos anseios da sociedade e, consequentemente, consiga garantir a representação feminina de forma mais substancial”, defende.
AliançA FM