O chefe da Anvisa, o comandante do Exército, o presidente da Petrobras e até o ex-ministro da Defesa adotaram posições que contrariam o mandatário. Por trás disso está o desejo de preservar as instituições.
Integrantes influentes das Forças Armadas enfrentam o presidente, no maior movimento de fardados contra as pretensões autoritárias de Bolsonaro desde o início da gestão.
As ações irresponsáveis de Bolsonaro estão custando caro a ele e já colocam em xeque até mesmo o pouco apoio que tinha dentro das Forças Armadas. O recado chegou ao mandatário da pior forma possível: por militares de alta patente que compõem o governo. Quem puxou o movimento foi o diretor-presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o contra-almirante e médico Antonio Barra Torres, ao enviar uma dura carta em resposta às insinuações feitas por Bolsonaro de que o órgão tinha interesses escusos na vacinação de crianças contra a Covid.
Evocando sua carreira de militar, disse que o presidente deveria determinar uma investigação, sob risco de cometer prevaricação. “Se o senhor não possui tais informações (indícios de corrupção), exerça a grandeza que o seu cargo demanda e se retrate”, dizia a carta.
O presidente Bolsonaro se queixou, mas evitou criticar o chefe da Anvisa, dizendo apenas que não havia falado a palavra “corrupção”. No seu entorno, especula-se que ele tinha receio de atrair ainda mais militares contra si caso peitasse o contra-almirante. Barra Torres não baixou o tom e ainda retrucou.
“Não é razoável, não é justo dizer que a Anvisa está com algum tipo de intenção. A agência não tem intenção, não tem opinião. A Anvisa decide e oferece o resultado da decisão ao ministério, que escolhe”, disse.
AliançA FM