Bastaram apenas 25 dias para que setembro quebrasse o recorde de mês com o maior número de queimadas na Amazônia desde 2010. Até ontem, o Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) computou 36.850 focos de incêndios no bioma.
A Amazônia já acumula 85.150 focos de queimadas em 2022, de acordo com os dados do Programa Queimadas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) do período entre 1 de janeiro e 27 de setembro. É o maior número desde 2010 um ano de seca drástica no bioma -, quando foram registrados 96.837 focos no mesmo período. Em comparação ao ano passado, quando foram registrados 55.048 focos no período, o aumento foi de 55%.
Só nos 27 primeiros dias de setembro deste ano, a Amazônia teve 39.128 focos de queimadas, um aumento de 150% em comparação aos 15.624 focos detectados no mesmo período de setembro de 2021.
“Os dados são alarmantes e apontam para uma destruição sem precedentes que impacta não apenas na vida dos povos locais, mas afeta também a economia e a segurança hídrica de outras regiões, visto que o que acontece na Amazônia impacta os demais biomas. Ainda é tempo de entender que a floresta vale mais em pé, que não há necessidade de queimadas e desmatamento, pois já temos muitas áreas abertas improdutivas”, afirma Edegar de Oliveira, diretor de Restauração e Conservação do WWF-Brasil.
O mês vem se desenhando crítico desde os seus dias iniciais. Logo na primeira semana de setembro, três dias registraram, consecutivamente, mais de 3.000 focos de calor. Uma sequência de valores tão altos em setembro não acontecia pelo menos desde 2007.
As queimadas possuem ligação direta com desmatamento. Desmatadores derrubam a mata, esperam que ela seque e, em seguida, usam fogo para fazer a “limpeza” do local para atividades, especialmente criação de gado. A grilagem também é algo que costuma estar associado ao desmatamento e às queimadas na Amazônia (inclusive, a derrubada é usada como uma forma de “reivindicação” da posse da terra).
AliançA FM