O primeiro turno das eleições de 2022 está próximo e a participação da juventude no pleito pode ser decisiva. Em comparação a 2018, os jovens de 16 e 17 anos com título de eleitor tiveram um aumento de 51% e somam mais de 2 milhões de eleitores, segundo o TSE. Nessa faixa etária o voto é facultativo, mas a pandemia e a crise econômica são fatores que contribuíram para o crescimento do número de eleitores nessa faixa etária.
Levantamento feito no Distrito Federal
O Distrito Federal tem 9.764 adolescentes de 16 e 17 anos habilitados a votar este ano. Mas esse número pode aumentar, uma vez que há cerca de 37 mil pessoas dessa faixa etária que podem tirar o título de eleitor, e alcançar o patamar de eleições anteriores 14.538, em 2018; e 21.975, em 2014. Inclusive, brasilienses que completem 16 anos até 2 de outubro conseguem o documento, caso façam a emissão até 4 de maio. Na direção contrária, o total de idosos a partir de 70 anos votantes aumentou desde 2014, quando o DF tinha 76.984, e passou para 113.297, em 2018. Neste ano de 2022 é de 146,7 mil. Os números são do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e do Tribunal Regional Eleitoral do DF (TRE-DF).
Depoimento do estudante Henrico Barboza
O mineiro Henrico Barboza, de 19 anos, vai votar pela primeira vez para presidente nas eleições de outubro deste ano.
Natural de Juiz de Fora e estudando para o vestibular, Henrico diz que já está decidido há algum tempo.
“Vou votar no ex-presidente Lula porque acredito no plano de governo dele em prol da democracia, do diálogo e do respeito pelas divergências”,
diz o jovem que, além da simpatia pelo programa de Lula, é motivado por uma visão negativa do governo do atual mandatário e aspirante à reeleição, Jair Bolsonaro (PL).
“Além de provocar uma grave crise política e econômica em nosso país, o atual presidente causou uma grande crise institucional brigando com os poderes da República e contestando a urna eletrônica”,
diz ele, que é de uma família católica que está dividida entre apoiadores do ex-presidente e eleitores de Jair Bolsonaro.
Depoimento da universitária Julia Braga
Conterrânea de Henrico, Julia Braga é natural de Formiga, no interior de Minas Gerais, e também votará pela primeira vez em 2022. Mas a jovem de 19 anos se define como parte de um estrato político totalmente oposto.
“Para mim, para que o Brasil chegue na mudança que tanto almejamos, mais quatro anos de governo do presidente Bolsonaro seriam essenciais”, diz a estudante de Medicina Veterinária.
“A liberdade, no contexto mais amplo da palavra, é uma das políticas defendidas por ele que mais me agrada, assim como os valores voltados à família, à fé e a defesa do direito de propriedade, do porte de armas e da criminalização do aborto”, afirma.
Henrico e Julia fazem parte dos quase 53 milhões de eleitores entre 16 e 34 anos aptos para votar em 2022.
Para cientistas políticos e analistas, embora representem pouco mais de um terço do total de eleitores do país, os jovens podem ter impacto importante no resultado final da votação.
“Essa eleição tende a ser muito apertada, pois os dois principais candidatos têm alto grau de rejeição. E nesse cenário, grupos e minorias homogêneas podem fazer a diferença”, diz Leonardo Barreto, diretor da consultoria de risco político Vector Research.
O especialista explica ainda que a percepção dos eleitores mais novos sobre sua relevância no cenário atual pode motivar maior mobilização em torno de um objetivo comum.
“A literatura de ciência política diz que quanto mais um grupo acredita em sua capacidade de fazer a diferença, mais ele se mobiliza. Ao mesmo tempo, quando indivíduos não acreditam que podem mudar um resultado, a tendência é de se desmobilizar”, explica.
“Os jovens sozinhos, obviamente, não tem condições de garantir a vitória de um candidato, mas na somatória eles certamente farão a diferença, especialmente nesse contexto de alta rejeição ao atual presidente na ala”, diz Maria do Socorro Braga, professora de Ciência Política da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar).
PESQUISA ENTRE OS MAIS JOVENS
Uma pesquisa Datafolha feita somente com jovens de 16 a 29 anos entre os dias 20 e 21 de julho em 12 capitais revelou que Bolsonaro tem a preferência de 20% dos eleitores desse universo, contra 51% do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
A rejeição do atual presidente no grupo é significativamente maior do que a do seu principal adversário: 67% dos jovens entrevistados afirmam que não votariam nele de jeito nenhum no 1º turno da disputa presidencial.
O nome do ex-presidente Lula, por outro lado, é o segundo mais rejeitado (32% não votariam de jeito nenhum).
Também do Datafolha, uma pesquisa realizada entre os dias 27 e 28 de julho de 2022 com 2.556 pessoas de diferentes idades em todo o Brasil mostrou que 52% dos eleitores entre 16 e 24 anos, quando apresentados aos nomes dos candidatos, responderam que pretendem votar em Lula, contra 24% que citaram Bolsonaro.
Já entre os jovens de 25 a 34 anos o candidato do PT aparece com 43% das intenções de voto, contra 30% do atual presidente.
Em termos gerais, 47% dos entrevistados disseram que pretendem votar em Lula e 29% em Bolsonaro. Em terceiro lugar está Ciro Gomes (PDT), com 8% das intenções de voto, seguido de Simone Tebet (MDB), com 2%.
AliançA FM