Juros elevados paralisam produção de veículos no Brasil
Com a queda nas vendas, sob os efeitos dos juros elevados no crédito, asfixiando o orçamento das famílias e das empresas brasileiras, quatro montadoras anunciaram esta semana a paralisação da produção e férias coletivas entre o final de março e meados de abril: Volkswagen, General Motors Hyundai e Stellantis. O setor emprega mais de 102,2 mil trabalhadores no Brasil.
Nesta semana, Volkswagen, GM, Stellantis, Mercedes-Benz e Hyundai precisaram parar a produção e colocar funcionários em férias coletivas, enquanto as vendas de automóveis registram desaceleração. As montadoras dizem que estão ajustando a produção à nova demanda do mercado, que se reduziu com o aumento dos juros e encarecimento dos financiamentos. Juros elevados paralisam Juros elevados paralisam
A Stellantis (franco-ítalo-americano), dona da Fiat, Jeep, Peugeout e Citröen, que detém hoje 32% do mercado nacional de veículos, inicialmente fará uma pausa em um dos três turnos da fábrica. Em abril, todos os turnos ficarão paralisados. É a programação para a planta de Goiana em Pernambuco, onde são produzidos os três modelos da Jeep (Commander, Compass e Renegade) e o Fiat Toro.
Essas decisões para administrar os estoques são um sinal do impacto da situação do crédito no Brasil. No início de março, a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) enfatizou que os juros altos eram uma limitação que preocupava o setor para o crescimento em 2023.
Disseminados por toda economia, os juros praticados no país, turbinados desde abril de 2021, quando a Selic (taxa básica de juros da economia) saiu de 2% ao ano para os atuais 13,75% ao ano, dificultam, colocam obstáculos, quando não, travam os negócios como vêm acontecendo com o mercado de veículos.
Para Márcio de Lima Leite, presidente da Anfavea, a redução da taxa de juros é fundamental para que o setor volte a crescer.
Os preços também estão na equação que explica a retração de vendas deste mercado. O carro no Brasil nunca foi barato, mas já foi menos caro. Levantamento da consultoria Jato, conforme a Quatro Rodas, aponta que o preço médio dos carros novos vendidos no Brasil em 2022 foi de R$ 130.851.
É como se todos os 1.576.960 de automóveis emplacados no ano passado tivessem sido um Fiat Pulse Impetus com pintura metálica no valor de R$ 129.980. Isso representa um aumento de 85% em 5 anos.
O aumento no preço médio dos carros acumulado de 2020 a 2022 foi de 51,5%. Sucessivos e grandes aumentos, aliados a crédito caro e restrito, estão transformando carros em bens inalcançáveis as parcelas de menor poder aquisitivo, que já tiveram algum acesso aos veículos e que ficam agora cada vez mais distante da compra de um deles.
AliançA FM