Pelo levantamento, 54% das pessoas consideram estar em situação financeira muito afetada pela inflação e 64% cortaram o consumo de bens ou serviços nos últimos seis meses devido ao aumento de preços.
Os mais pobres são ainda mais afetados. Nas famílias com renda de até um salário mínimo, 63% dizem estar sendo muito afetadas pela elevação dos preços e 67% dizem ter cortado o consumo de bens ou serviços.
A escalada dos preços fez o guardador de carros Rosenilton de Souza Borges, de 38 anos, mudar hábitos de consumo e cortar uma série de despesas. Ele diz que passou a deixar o automóvel na garagem para ir ao trabalho de ônibus, cortou a internet de casa e ainda substituiu a carne vermelha por frango e ovos.
“O carro só ligo de vez em quando para não perder a bateria”, afirma. “Na alimentação, o que mais pesou foi carne e óleo. Leite eu nem compro mais”, diz ele, que trabalha na região central de Brasília e vive em casa com a mulher e três filhos entre 12 e 17 anos.
A elevação de preços de combustíveis também tem levado a tanques mais secos. Quase um sexto (ou 15%) da população eliminou o consumo de gasolina, álcool ou diesel após a disparada do preço do petróleo em meio à guerra da Ucrânia.
“Com essa elevação dos preços, a gente vê uma queda no poder de compra das famílias muito significativo. A gente vê a taxa de emprego caindo, mas o rendimento real não acompanhando esse movimento”, afirma o gerente de análise econômica da CNI, Marcelo Azevedo.
“É um perde-perde, porque o consumo é o grande motor da atividade. Então não tem ganhadores nessa história, a economia toda trava”, continua.
Levantamento da Rede Penssan ao final de 2020 (antes da disparada dos alimentos no ano passado e agora) mostrava que mais da metade (55%) dos brasileiros sofria de algum tipo de insegurança alimentar (grave, moderada ou leve).
AliançA FM