A guerra na Ucrânia vai causar um choque “catastrófico” na cadeia de suprimentos e no custo dos alimentos, afirmou Svein Tore Holsether, chefe de uma das maiores empresas de fertilizantes do mundo, em entrevista à BBC.
A Rússia e a Ucrânia estão entre os principais produtores mundiais no setor agrícola. A Rússia também produz quantias enormes de nutrientes, como potássio e fosfato, que são ingredientes essenciais para os fertilizantes (utilizados para o crescimento das plantações).
Vale lembrar que o Brasil é o quarto maior consumidor de fertilizantes do mundo (atrás de China, Índia e Estados Unidos) e o maior importador mundial desses insumos. A soja é a principal cultura consumidora de fertilizantes no país. Somada com o milho, a cana-de-açúcar e o algodão, essas quatro culturas absorvem mais de 90% do fertilizante produzido ou importado pelo Brasil, diz a Embrapa.
Em linhas gerais, o Brasil importa 85% dos fertilizantes que utiliza, e a Rússia responde por 23% dessas importações. A eventual falta de potássio é a que mais preocupa o setor e “certamente vai haver desabastecimento mundial” desse nutriente, dizem analistas.
Segundo Holsether, a Rússia é responsável por um quarto dos nutrientes essenciais para fertilizantes na produção de alimentos na Europa.
“Estamos fazendo todo o possível para encontrar fornecedores alternativos, mas há limites por causa do cronograma apertado.”
A ministra da Agricultura, Tereza Cristina, tem repetido que o Brasil tem opções para importar fertilizantes, citando como exemplos Irã, Canadá e Marrocos. Mas especialistas do setor avaliam que a situação não é tão simples e que a gravidade do cenário varia de insumo a insumo.
AliançA FM