O mundo ficou aterrorizado com o início dessa guerra, e temeroso pelas dimensões que o confronto ainda pode tomar. Conforme foram surgindo análises setoriais sobre os impactos desse trágico cenário, lá estava o agronegócio entre os segmentos direta e indiretamente prejudicados, inclusive aqui no Brasil.
Se boa parte da preocupação dos agricultores brasileiros em relação à escassez de insumos no ano passado envolvia fertilizantes, agora mais ainda: Rússia e sua aliada Belarus, dois dos principais fornecedores mundiais de matérias-primas para a indústria de adubos, estão sob sanções econômicas e comerciais que interrompem esse abastecimento.
Ainda que o Brasil consiga importar fertilizantes de outros países, esses produtos precisam chegar até aqui. Se o mundo vinha enfrentando um estrangulamento logístico, a situação fica muito pior em meio a uma guerra. O Mar Negro e o Mar de Azov, que banham a costa da Ucrânia, se tornaram zonas intransitáveis para navios comerciais, o que acaba afetando todo o transporte marítimo.
A redução do tráfego dessas embarcações gera uma onda de outras complicações, como o aumento do tempo de viagens e de espera nos portos de maneira geral, além de encarecer valores de seguro e frete. Essa conta chega, de um jeito ou de outro, às lavouras espalhadas pelo País e, invariavelmente, será repartida com todos os elos da cadeia produtiva até chegar no preço dos alimentos para os consumidores.