O Ministério da Justiça decidiu enviar a Força Nacional à Terra Indígena Parakanã, no leste do Pará, após três homens serem encontrados mortos dentro da reserva. A autorização para o uso da segurança especial deve durar 15 dias e está publicada no DOU (Diário Oficial da União) desta terça-feira (3).
Os homens estavam desaparecidos desde o dia 24 de abril, quando entraram na reserva indígena – que tem área equivalente à de 350 mil campos de futebol. Os três corpos foram encontrados pela Polícia Federal no último sábado (30), após sete dias de buscas.
Os três homens, identificados como Cosmo Ribeiro de Sousa, José Luis da Silva Teixeira e Willian Santos Câmara, moradores de propriedades rurais da região, saíram no domingo (24) e não voltaram. Na segunda (25), familiares iniciaram as buscas e encontraram apenas as motos e objetos pessoais.
Os indígenas — da etnia awaeté — passaram a receber ameaças diretas e por meio de redes sociais. Segundo o MPF (Ministério Público Federal) no Pará, moradores da região entraram armados na reserva para intimidá-los. A indígena Tarana Parakanã, estudante de Letras, contou ao Estadão que não indígenas invadiram a escola no Posto Taxakoakwera e agrediram estudantes.
Em nota, professores do Instituto Federal Rural do Pará, ao qual a escola é vinculada, cobraram uma ação enérgica das autoridades nas buscas pelos caçadores desaparecidos e denunciaram que os indígenas estão sendo alvo de preconceitos, já que não há nenhum indício de que tenham responsabilidade pelo desaparecimento dos três homens.
O Estatuto do Índio, uma lei federal, proíbe a qualquer pessoa estranha às comunidades indígenas a prática da caça, pesca ou coleta de frutos, assim como atividade agropecuária ou extrativista dentro dos territórios.
O caso gerou o acirramento dos ânimos entre os familiares dos desaparecidos e a comunidade indígena. Segundo a Fepipa (Federação dos Povos Indígenas do Pará), os indígenas da região estão sendo alvo de discurso de ódio.
Lamentamos os intensos ataques aos povos indígenas, que estão sendo alvo de discurso de ódio nas redes sociais, em Novo Repartimento e região, por conta dos corpos terem sido encontrados dentro da Terra Indígena Parakanã. A Fepipa reitera que as investigações ainda estão em curso e repudia comportamentos que incitem a violência contra o povo Awaeté Parakanã”, disse a organização.