“Foi um acidente”, alega advogado de PM preso por morte de João Alberto

A defesa do policial militar temporário Giovane Gaspar da Silva, 24, um dos suspeitos presos pela morte de  João Alberto Silveira Freitas, o Beto, no Carrefour do bairro Iapi, na zona norte de Porto Alegre, afirma que ele “não tinha a intenção” de matar.  

Em entrevista a GZH, David Leal, do escritório Hoffmeister & Leal, declarou que seu cliente “foi inexperiente” na ação em que desferiu vários socos na vítima, mas que a morte “foi um acidente”:

— Ninguém ali teve a intenção de matar. Essa narrativa política ideológica de que foi racismo é analisada por quem não tem a compreensão do fato. Acaba levando o entendimento ao erro. Eu vejo que foi um acidente.

Sobre a sequência de socos dados pelo PM na cabeça da vítima, o advogado defende que fez parte da “tentativa de contenção”.

— Me parece que naquele momento ele tentou conter o sujeito, já que ele veio pra cima agredindo, ainda que não seja a forma mais adequada de se conter o caso. Ele (Beto) era mais forte do que os dois seguranças, o meu cliente é franzino, um guri. Talvez tenha faltado técnica.

O entendimento do advogado é de que o caso se trata “de uma lesão corporal seguida de morte” ou de um homicídio culposo, mas não de homicídio doloso — o que, para ele, é um excesso.

Ainda para Leal, o cliente — que decidiu ficar em silêncio no interrogatório à Polícia Civil – contou que Beto teria interceptado uma funcionária antes dentro do mercado e, por isso, houve o acompanhamento dos seguranças até a saída dele. 

Leal ainda declara que não há confirmação de que Beto tenha morrido pelos socos, já que não há um laudo finalizado pelo IGP — o órgão informou que o indicativo é de asfixia.

A defesa ainda informou que não irá pedir a liberdade do cliente nesse momento “para preservar sua segurança” e aguardar o desenrolar dos primeiros atos de investigação.

A investigação

A  Polícia Civil ouviu três testemunhas no sábado (21) e organizou o depoimento de outras para a próxima semana. Neste domingo (22), a equipe do caso está de folga. 

O inquérito tem prazo de 10 dias para ser concluído a partir da instauração. Depois disso, a investigação pode ser estendida por mais 15 dias.

Ainda no sábado, a delegada titular, Roberta Bertoldo, disse que a principal pergunta a ser respondida é o que teria motivado as agressões. 

Além de Giovane, está preso o outro segurança, Magno Braz Borges. 

Beto foi velado no sábado, após cortejo de amigos, familiares e pessoas tocadas com a violência do caso. Na sexta (20), um grande protesto em frente ao Carrefour  da Capital – que se repetiu em outras cidades e Estados – cobrou justiça pela a morte e marcou posição contra o racismo.

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