O caso de racismo envolvendo o jogador Luighi, do time sub-20 do Palmeiras – hostilizado durante uma partida contra o Cerro Porteño, após um torcedor imitar um macaco em direção a ele (entenda mais abaixo) – não é o único no futebol envolvendo times brasileiros.
Em meio ao aumento de registros de racismo no futebol, o g1 levantou o destino de onze casos com jogadores brasileiros que tiveram muita repercussão nos últimos dois anos.
A maioria envolve ofensas chamando negros ‘macacos’, resultando em algumas multas por parte da Conmebol e poucas condenações na Justiça até agora – há prisões em flagrante, que são transformadas em preventivas, cujos envolvidos acabam soltos após após pagarem uma multa ou ganharem liberdade provisória (veja mais abaixo).
Nos quatro casos analisados que aconteceram fora do Brasil, todos foram em jogos pela Libertadores. E, até o momento, em nenhum deles houve prisão nem ação judicial. Os jogos da fase de grupos da principal competição do continente, onde os brasileiros são constantemente alvo de hostilidades, como racismo, começam nesta terça-feira (1º).
Um estudo do Observatório de Discriminação Racial no Futebol apontou que situações como essas tem aumentado cada vez mais nos últimos anos. No Brasil ou em jogos da Conmebol, em 2023, foram registrados 136 incidentes racistas envolvendo jogadores, torcedores, árbitros e equipe técnica – tanto em estádios, internet, eventos e outros espaços relacionados ao futebol.
A quantidade é quase 40% maior do que os 98 casos registrado em 2022 e 112,5% maior que 2021 (64 casos). Veja no gráfico mais abaixo como foram os registros de racismo desde 2014:
Casos de racismo no futebol (entre 2014 e 2023)
O número considera casos que aconteceram nos estádios, internet e outros espaços. O Observatório ressaltou que a queda em 2020 aconteceu em virtude da pandemia, já que vários jogos foram suspensos ou realizados sem a presença de público.
O estudo também mapeou incidentes racistas que aconteceram somente com atletas brasileiros que jogam em times do exterior. Em 2023, houve 26 casos. Desses, o atleta Vinicius Jr., que joga no Real Madrid, foi citado 12 vezes. O Observatório ainda não divulgou os dados de 2024 e 2025 – e não tem previsão para tal.
O diretor executivo do Observatório, Marcelo Carvalho, afirmou que o aumento de casos pode ser visto de duas formas. “A primeira mostra que os torcedores, jogadores e sociedade têm tomado maior consciência sobre o que é racismo. Como o tema tem cada vez mais sido discutido, há mais pessoas atentas”.