Essequibo: Lula observa ‘crescente preocupação’ diz que o Mercosul não pode ficar “fora” do assuntoNa manhã desta quinta-feira (7), o
Essequibo: Lula observa ‘crescente preocupação’ diz que o Mercosul não pode ficar “fora” do assunto
Na manhã desta quinta-feira (7), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) declarou que observa com “crescente preocupação” a situação em Essequibo, uma região da Guiana em disputa com a Venezuela.
A declaração foi feita no Rio de Janeiro, durante a abertura da 63ª reunião de cúpula de chefes de Estado dos países que compõem o Mercosul (Argentina, Brasil, Paraguai, Uruguai e Venezuela). Lula afirmou que o grupo não pode permanecer “alheio” à situação em questão.
O presidente reforçou a posição do Mercosul como uma área de paz e cooperação e invejou uma minuta de declaração acordada entre os chanceleres dos Estados participantes sobre o assunto.
Além disso, afirmou que o Itamaraty tem permissão para resolver quantas reuniões forem necessárias para resolver o problema.
“Não queremos que esse tema contamine a retomada do processo de integração regional ou constitua ameaça à paz e à estabilidade. Enfatizo a importância de que as instâncias da Celac [Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos] e da Unasul [União de Nações Sul-Americanas] sejam plenamente utilizadas para o encaminhamento pacífico dessa questão”, disse.
“Uma coisa que não queremos aqui na América do Sul é guerra. Não precisamos de guerra, não precisamos de conflito. O que nós precisamos é construir a paz, porque somente com muita paz a gente pode desenvolver os nossos países”, afirmou.
Após o referendo que a Venezuela realizou no domingo (3) sobre a anexação de Essequibo, a tensão na região aumentou. A Guiana controla atualmente um território maior que a Inglaterra, mas o governo venezuelano diz que faz parte do seu país.
Acordo Mercosul-UE
Ao longo de seu discurso de abertura, Lula afirmou que “temos que continuar tentando” a conclusão do acordo entre o Mercosul e a União Europeia. O presidente afirmou ter o “sonho” de concluir as negociações de revisão de trechos do acordo, mas isso não aconteceu.
Lula criticou ter herdado uma versão dos termos acertada em 2019, durante o governo de Jair Bolsonaro no Brasil e de Mauricio Macri na Argentina.
“A versão era inaceitável porque nos tratava como se nós fôssemos seres inferiores, como se nós fôssemos países colonizados ainda”, disse.
“As resistências da Europa ainda são muito grandes. Estranho a falta de flexibilidade deles de entender que nós temos ainda muita coisa para crescer”, afirmou Lula.
O presidente afirmou que os países europeus devem confiar no desejo do Mercosul de se industrializar e vender produtos com um valor agregado maior. Além disso, Lula afirmou que a “credibilidade” dos mecanismos de monitoramento do desmatamento na região deveria ser reconhecida pela União Europeia.
“Não existe nada que seja impossível a gente concretizar, mesmo essa tentativa de acordo com a União Europeia, está durando há 23 anos, mas a gente tem que continuar tentando fazer acordo com a União Europeia”, disse.
Organismos internacionais
Lula convidou os demais presidentes do Mercosul para participar da COP 30, que acontecerá em Belém em 2025, e voltou a exigir que os compromissos ambientais sejam cumpridos.
Lula também convidou os pares para participar do G20, organismo que o Brasil preside no momento. Ele voltou a criticar organismos financeiros, a exemplo do Fundo Monetário Internacional (FMI).
“Não podem ser bancos sufocantes. Na verdade, emprestam uma corda para que a pessoa se enforque”, disse.
Troca de poder na Argentina
Lula também falou sobre as mudanças na presidência da Argentina, com Alberto Fernández saindo e Javier Milei assumindo o cargo no próximo domingo (10).
O presidente brasileiro, que é amigo e aliado de Fernández, defendeu Sergio Massa, o candidato à presidência que perdeu nas eleições. O presidente eleito da Argentina já fez críticas diretas a Lula e sua relação com Milei é tensa.
Na cúpula do Mercosul, Lula disse que a despedida de Fernández é “triste”. “Acho que você [Alberto Fernández] merecia melhor sorte, a economia poderia ter melhor sorte, mas aconteceu infortúnio de pandemia e seca, que muita gente foi prejudicada”, afirmou.
Integração
Lula enfatizou a importância de que a Bolívia se tornasse um membro do Mercosul, um processo que ainda está em andamento . Esta edição da cúpula do bloco aprovará o protocolo de adesão, mas uma entrada no grupo sul-americano ainda precisa ser aprovada pelo Congresso boliviano. “
“Com a integração da Bolívia, estamos nos aproximando de realizar o sonho da integração entre Atlântico e Pacífico”, disse Lula.
O presidente anunciou que a ministra Simone Tebet ( Planejamento) apresentará um programa de obras de infraestrutura que conectará os países da região e permitirá acesso aos portos nos oceanos Atlântico e Pacífico para entrega de produtos .
AliançA FM