Entra em vigor o alerta em rótulos sobre sal, açúcar e gorduras Nesta terça-feira (10), a norma de rotulagem nutricional para produtos
Entra em vigor o alerta em rótulos sobre sal, açúcar e gorduras
Nesta terça-feira (10), a norma de rotulagem nutricional para produtos alimentícios, conhecida como “Lupa”, entrará em uma nova fase. A partir dessa data, os rótulos de todos os alimentos industrializados devem informar se contêm alto índice de açúcar, sódio ou gorduras saturadas.
A norma estabelecida pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) entra em vigor depois de doze meses. Ao longo do primeiro ano da norma, os produtos novos devem ter o selo a partir de 10 de outubro de 2022.
A obrigatoriedade se estende à maioria dos produtos vendidos nas gôndolas de grandes redes de supermercados no segundo ano da regra. As empresas ou agroindústrias de pequeno porte e as bebidas não alcoólicas são exceções.
As regras da Lupa foram publicadas em 2020, por meio da resolução 429 e da instrução normativa 75. Segundo a Anvisa, o objetivo é “melhorar a clareza e legibilidade dos rótulos dos alimentos e, assim, auxiliar o consumidor a fazer escolhas alimentares mais conscientes”.
Em um comunicado, a Abimapi (Associação Brasileira das Indústrias de Biscoitos, Massas Alimentícias e Pães & Bolos Industrializados) expressou seu apoio aos esforços para aumentar a transparência das informações nutricionais contidas nos rótulos dos alimentos.
É possível que os alimentos melhorem com o tempo?
“A quantidade mínima estabelecida pela Anvisa para cada nutriente, que exige a rotulagem frontal, é bastante elevada. Isso significa que alimentos que contêm quantidades consideradas excessivas de açúcar livre, gordura saturada e sódio podem não ser abrangidos pela rotulagem frontal”, afirmou Luisa Gazola, pesquisadora do Nupens (Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde) da USP.
A especialista afirmou que, mesmo antes da Lupa, havia sido possível observar que certos alimentos, como chocolates diets (sem açúcar acrescentado) poderiam conter uma quantidade maior de gordura e sódio do que a versão tradicional.
“De acordo com o Guia Alimentar para a População Brasileira, os alimentos in natura e minimamente processados devem ser a base da alimentação, e os ultraprocessados, que apresentam ingredientes críticos [como os indicados na Lupa] e aditivos alimentares cosméticos, devem ser evitados”, disse Mariana Ribeiro, nutricionista do programa de Alimentação Saudável e Sustentável do Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor).
A Anvisa anunciou que, após a consolidação das fases da lupa, examinará se as empresas estão usando edulcorantes ou substâncias adoçantes em vez de açúcar para evitar a colocação da lupa no rótulo.
A agência afirma que o objetivo é determinar se a substituição do açúcar por edulcorantes, quando a reformulação de alimentos é feita de acordo com a regra da rotulagem, pode levar a uma exposição acima da considerada segura.
A Anvisa informou que analisou modelos de mais de quarenta países para chegar aos parâmetros atuais que obrigam o alerta. Estamos ainda na fase de transição e implementação da norma.
“A rotulagem nutricional pode gerar um movimento de redução. Sabemos que a Anvisa vai fazer uma avaliação do resultado regulatório daqui a cerca de dois anos. Estamos nos preparando para isso, inclusive quanto à prestação de contas. Os edulcorantes não são prejudiciais à saúde e são seguros”, afirmou Alexandre Novachi, diretor da Abia (Associação Brasileira da Indústria de Alimentos).