Uma câmera de segurança registrou o momento em que um funcionário a serviço da Enel foi morto a tiros na Zona Leste de São Paulo, na tarde desta quarta-feira (13). O crime aconteceu depois de uma confusão para conseguir cortar a energia de uma academia por falta de pagamento. Empresário
O suspeito, Randal Rossoni, de 44 anos, é o dono da academia e foi apontado pela Polícia Militar como autor do crime. Ele se apresenta como empresário e educador físico.
- O vídeo mostra o carro da concessionária parando em um semáforo;
- Na sequência, o assassino chegou em um carro preto;
- Ele desceu do veículo, foi até a janela do carro dos funcionários da Enel e atirou;
- Os dois trabalhadores saíram correndo na direção de um posto de gasolina ao lado, inclusive a vítima, que já estava baleada na cabeça;
- Momentos depois, fora do alcance das câmeras, ele caiu no chão;
- O autor do crime entrou no carro e fugiu;
- Odail Maximiliano foi levado ao pronto-socorro logo após ser baleado, mas não resistiu.
Randal Rossoni foi preso em flagrante e teve a prisão preventiva decreta nesta quinta-feira (14).
Colegas lamentam e contam intimidações Empresário
Victor Gabriel de Moura, técnico eletricitário colega de Odail, lamentou a morte e disse que o caso não é isolado:
“Foi uma infelicidade que aconteceu com ele, mas é uma situação que a gente passa bastante na rua. Já passei por locais que eu fiz o procedimento, expliquei a situação, fiz o desligamento e, ao sair do local, a gente já está numa outra ordem de serviço, o cliente segue a gente, muitas vezes com arma ou algo do tipo para tentar pressionar a equipe”.
O presidente do Sindicato dos Eletricitários de São Paulo afirmou que a violência é cotidiana. Eduardo Annunciato disse que os terceirizados preenchem uma ficha chamada “relato de perigo”.
“Ameaça de toda ordem. Recebi áudio de vários companheiros, arma em punho, faca na mão, pessoal falando ‘Se cortar minha luz, não vai descer do poste’. Esse tipo de situação”.
“Do outro lado, as empresas colocam câmeras, dispositivos de controle para obrigar que o corte seja feito, então esses trabalhadores são pressionados internamente para executar o corte. Eles ficam numa berlinda, numa sinuca de bico”, apontou.
Meta de cortes diários
O SP2 conversou com um funcionário que atua com corte e religação de energia. Ele pediu para não se identificar porque tem medo de represálias, mas afirmou que há uma meta de cortes por dia.
“A gente faz os cortes, ganha o salário normal, um salário fixo, né… Fora o salário, você tem uma produtividade em cima dos cortes que você faz, então cada empresa coloca uma meta”.
“A gente é trabalhador, eu já sofri muito com isso na rua, de pressão de população, só que eu só quero que vocês entendam que a gente é trabalhador, temos família em casa, é um situação que é difícil, chega a ser emotivo. Hoje foi um parceiro nosso, mas é o que vem acontecendo bastate é da população achar que a gente está indo tirar a energia porque quer. Não, a gente só está indo fazer o nosso trabalho”, afirmou o técnico Victor Gabriel de Moura.
Fonte: G1/SP
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