O aumento do diesel da última semana já causa efeitos nos preços dos alimentos. Segundo o presidente da Associação Brasileira das Centrais de Abastecimento (Abracen), Eder Eduardo Bublitz, o encarecimento do frete motivou um repasse de aproximadamente 10% nos preços de frutas, verduras e legumes vendidos no atacado.
“Por exemplo, na rota Curitiba (PR) a Juazeiro (CE), uma carreta que sobe com caixas vazias e desce carregada, antes o frete era em torno de R$ 7,5 mil. Hoje, esse frete está passando de R$ 9 mil, com dificuldade de encontrar caminhão. Para os motoristas, é um frete que acaba custando caro, você vê abastecimento de R$ 5 mil”, colocou.
Bublitz aponta que o setor já vem enfrentando outras dificuldades, como as quebras de safra por questões climáticas e ainda a subida no preço dos fertilizantes, impactado pela guerra entre Ucrânia e Rússia.
Além disso, a alta do diesel também influencia o início da cadeia produtiva, já que é o combustível que abastece tratores e máquinas agrícolas.
Na última terça-feira (17), uma semana após o reajuste do diesel, o governo federal publicou uma medida provisória que pode provocar um novo aumento no frete. O presidente Jair Bolsonaro assinou a revisão extraordinária da tabela do piso mínimo do setor.
Antes, o valor era alterado a cada variação de 10% no combustível. Agora, o gatilho caiu para 5%. Por enquanto, a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) divulgou que o preço segue o mesmo, pois a oscilação acumulada atual no diesel é de 3,26%.
Apesar dos efeitos que a MP pode ter sobre o preço do transporte dos alimentos, Bublitz acredita que é necessária diante da alta do diesel e das margens de lucro reduzidas dos caminhoneiros. No entanto, ele pondera que o poder público precisa pensar em ações para conter os reajustes nas frutas, verduras e legumes.
AliançA FM