Dia da Obesidade: Pessoas encontram dificuldade em tratamento
Embora a obesidade seja causada por uma complexa mistura de fatores genéticos, ambientais e biológicos, é comum que pessoas com essa doença crônica sejam discriminadas, culpabilizadas e estereotipadas como preguiçosas e sem força de vontade. O estigma social da obesidade, que ocorre no trabalho, nos relacionamentos e no próprio consultório médico, gera sofrimento e afasta o indivíduo do tratamento. Inclusive porque o estigma se estende ao tratamento medicamentoso da obesidade, apesar de seus benefícios, o que gera desinformação em relação aos fármacos existentes.
Existem dois tipos de estigma. Um deles é o estigma externo, que é o preconceito da sociedade com quem tem obesidade. O maior preconceito, geralmente, é essa ideia de que a pessoa com obesidade é relaxada, preguiçosa, não tem força de vontade, não cuida de sua saúde, não tem responsabilidade, que bastava ela querer perder peso que conseguiria. E fazem piadas, comentários jocosos, que podem ser engraçados para quem conta, mas geram um grande sofrimento para quem os escuta.
Existe também o estigma interno, que ocorre por conta do estigma externo. É quando as próprias pessoas com obesidade, por escutarem ao longo da vida que são preguiçosas, que não têm força de vontade etc., acabam internalizando isso e acreditando isso de si mesmas – o que tem diversas consequências à saúde. Esse tipo de estigma traz maior sofrimento, acarreta maior ganho de peso e, assim, mais doenças associadas.
Outra questão importante é o estigma dentro do consultório médico. Muitas vezes, o médico também tem preconceito com o paciente com obesidade. Não há dúvidas que a obesidade está associada a diversos riscos de saúde, a questão é a forma como isso é discutido dentro do consultório. Uma coisa é o médico falar: “essas alterações podem ser relacionadas ao seu peso, seria importante você perder peso, vou te encaminhar para um tratamento”. Outra coisa muito diferente é o profissional dizer: “perde 20 kg e volta; você não teria nenhum desses problemas se perdesse peso; você precisa se cuidar; se você continuar assim vai ter um infarto”
Ainda, segundo esta publicação, 19% a 42% dos adultos com obesidade sofrem com a discriminação. E crianças e adolescentes com sobrepeso ou obesidade são mais suscetíveis a sofrer bullying e com isso, podem apresentar dificuldades de socialização, desenvolver ansiedade e depressão, isolamento, baixa autoestima, compulsão alimentar e estresse, quando comparados às crianças e adolescentes sem sobrepeso ou obesidade.
Em junho de 2021, o Ministério da Saúde publicou que mais de três milhões de crianças com menos de dez anos são impactadas pela obesidade no Brasil. Além disso, mais de seis milhões estão com sobrepeso.
É importante mudar a visão de que criança com sobrepeso é sinônimo de criança saudável. As chances desta criança se tornar um adulto com obesidade são de 80%. Oferecer o tratamento adequado é traçar um futuro mais saudável.
É importante mudar a visão de que criança com sobrepeso é sinônimo de criança saudável. As chances desta criança se tornar um adulto com obesidade são de 80%. Oferecer o tratamento adequado é traçar um futuro mais saudável.
Também é fundamental mudar o olhar daqueles que, costumeiramente, discriminam as pessoas com obesidade, para que entendam que não se trata de falta de disciplina ou cuidados pessoais. A doença pode ser causada por diversos fatores, como genéticos, metabólicos, sociais e psicológicos, que estão fora do nosso controle. Discriminar essas pessoas não contribui para que busquem ajuda médica, muito pelo contrário.
A população com sobrepeso ou obesidade merece respeito, acolhimento e tratamento adequado. De acordo com o Ministério da Saúde, mais da metade da população brasileira, 55,7%, está com sobrepeso. A Organização Mundial de Saúde (OMS) considera a obesidade uma epidemia, um dos mais graves problemas de saúde que temos para enfrentar. Estima-se que, em 2025, 2,3 bilhões de adultos ao redor do mundo estarão acima do peso.
Aliança FM