Desmatamento no Cerrado chega a 25% e é o maior desde 2015

Desmatamento no Cerrado chega a 25% e é o maior desde 2015

O desmatamento do Cerrado entre agosto de 2021 e julho de 2022 cresceu 25,3% em relação ao período de 12 meses imediatamente anterior. Foi suprimida a vegetação nativa de 10.688,73 quilômetros quadrados, a maior área desde 2015, de acordo com dados do PRODES Cerrado divulgados nessa quarta-feira (14) pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).

Foram destruídos 10.688,73 km² da vegetação, equivalente a sete vezes a área da cidade de São Paulo. É o terceiro ano consecutivo de alta no desmatamento do bioma e a maior cifra desde 2015. Nos 12 meses anteriores, foram 8.531,44 km² e, em 2020, 7,9 mil km².

O Estado do Maranhão foi o que apresentou a maior área de vegetação nativa suprimida (2.833,92 km²), seguido pelo Tocantins (2.127,52 km²) e pela Bahia (1.427,86 km²).

Cerrado de fora de acordo da UE

A divulgação dos números ocorre apenas oito dias após negociadores do Parlamento Europeu e os Estados-membros da União Europeia (UE) chegarem a um acordo sobre uma lei para proibir a importação de produtos que contribuem para o desmatamento. No entanto, no Brasil, a norma abrange somente a Amazônia, deixando de fora o Cerrado, onde é produzia a maior parte das commodities brasileiras exportadas para UE.

No último dia 30, o PRODES já havia divulgado a estimativa oficial para Amazônia Legal, que mostrou a perda de 11.568 km² em 2022, mantendo o alto patamar das taxas registradas nos anos anteriores. Agora a conta chegou para o Cerrado.

Além da área desmatada passar dos 10 mil km², os dados apresentados mostram que em 2022 houve aumento de 25% na devastação do bioma em relação ao ano passado, quando a taxa anual foi de 8.531,44 km². Esse é o terceiro ano consecutivo de aumento da destruição no Cerrado, situação nunca vista na série histórica do monitoramento do INPE desde 2000. No governo Bolsonaro, o desmatamento do bioma acumulou uma área de 33.444 km2, mais de seis vezes a área de Brasília.

Aumento da temperatura no Cerrado

Um estudo liderado por pesquisadores brasileiros e divulgado em julho pela revista Global Change Biology mostrou que, nos últimos 15 anos, o desmatamento no Cerrado fez com que a temperatura média em partes do bioma subisse até 3,5 °C.

Além de mais quente, a região, que abrange nove estados brasileiros e o Distrito Federal, ficou mais seca. Parte da água que retorna para a atmosfera por evaporação da superfície de rios, lagos, solo e transpiração das plantas, a chamada evapotranspiração, desapareceu. A combinação desses efeitos tem um resultado preocupante: redução das chuvas.

 

 

AliançA FM

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *