Desigualdade racial prejudica o mercado de trabalho
Desigualdade racial prejudica o mercado de trabalho
A taxa de desocupação da população parda ou preta é historicamente maior do que a de brancos, mas essa diferencia, por exemplo, bateu um recorde atingindo 71,2% entre as duas taxas, entre abril e junho.
Levantamento da Síntese de Indicadores Sociais (IBGE) mostrou que pessoas negras encontram maiores obstáculos para conseguir um emprego formal e quando empregadas e recebem até 31% menos que pessoas brancas.
E não se trata apenas de emprego, mas de ocupação qualificada.
Apesar dos avanços da política de cotas universitárias – que será revista em agosto próximo -, ainda nos deparamos com um déficit de pessoas negras em posições de emprego qualificado.
Estudo elaborado pela consultoria IDados indica que pessoas negras enfrentam mais dificuldade para atuar na carreira cursada no ensino superior e com isso acabam exercendo ocupações de qualificação inferior.
Vemos, pois, que o nível de instrução é uma parte da desigualdade, mas não é todo o problema. Há efetiva discriminação no momento da contratação quando se trata de pessoas negras, criando uma verdadeira “reserva de mercado” em favor da branquitude.
Uma das precursoras da Teoria Racial Crítica (movimento intelectual e acadêmico interdisciplinar de ativismo e estudos sobre questões raciais), a estadunidense Cheryl I. Harris desenvolveu o conceito de “branquitude como propriedade” (Whiteness as Property). Para Harris, a branquitude constitui um bem jurídico que confere ao seu detentor um conjunto de direitos.
Assim, para a referida teórica, o proprietário da “branquitude” – o indivíduo reconhecido como branco – desfrutaria de uma série de privilégios, tanto na esfera pública quanto nos espaços privados e esses privilégios seriam negados a pessoas não-brancas. Desigualdade racial prejudica
Por isso, aliás, muitos negros se esforçariam para ultrapassar a “linha de cor” (alisando o cabelo, submetendo a cirurgias plásticas etc.), de modo a serem reconhecidos como brancos. Até entre pessoas pertencentes à mesma classe social a “linha da cor” funcionaria como um critério de distinção, conferindo ao trabalhador branco um conjunto de prerrogativas, face ao trabalhador não-branco.
AliançA FM