A CPI da Covid mudou os planos e convocará o servidor do Tribunal de Contas da União Alexandre Costa Silva Marques para depor na terça-feira (17).
A decisão ocorreu depois que senadores tiveram acesso a um depoimento ao TCU no qual Alexandre diz presumir que a Presidência da República adulterou um documento que acusa governadores e prefeitos de superfaturarem as mortes por Covid. No mesmo depoimento, Alexandre alega ter ficado indignado com a “total irresponsabilidade do mandatário da nação” ao divulgar a informação como sendo do TCU.
“Sem dúvida, será o grande fato da semana”, afirmou o relator Renan Calheiros (MDB-AL). O presidente Omar Aziz (PSD-AM) recebeu a informação na madrugada desta sexta-feira (13) e já mudou o calendário de depoimentos. “É muito grave essa revelação.”
No dia 7 de junho deste ano, em conversa com apoiadores em frente ao Palácio do Alvorada, o presidente afirmou que 50% das mortes atribuídas à Covid não tiveram o vírus como motivo principal. Ele citou o TCU com fonte da informação. “O relatório saiu há uns dias, lógico que a imprensa não vai divulgar, mas nós vamos hoje à tarde. Como é do TCU, ninguém vai me criticar por causa disso”, completou Bolsonaro.
A informação foi prontamente desmentida pelo tribunal, que abriu uma investigação interna e pediu que a Polícia Federal também apurasse. Em seu depoimento, Alexandre chamou de “arrazoado” a proposta de investigação que fez aos colegas. Como a ideia não tinha fundamentos sólidos (nem pé, nem cabeça) foi rejeitada e morreu ali. O tal documento, portanto, era uma sugestão feita no formato PDF que sequer tinha logotipo ou qualquer outra identidade visual do TCU.
Após ter sua hipótese rejeitada, Alexandre encaminhou o PDF “bruto” para seu pai que enviou a Bolsonaro. Os dois são amigos. A partir de então, segundo Alexandre, houve a manipulação do PDF, tanto na forma como no conteúdo. A rede de fake news colocou até logotipo nas montagens.
Agora, além do “siga o dinheiro”, a CPI já tem o “siga a mentira”.
Fonte: G1