Caso joias: Ex-chefe do setor de presentes da Presidência tem celular apreendido
Caso joias: Ex-chefe do setor de presentes da Presidência tem celular apreendido
Em depoimento à PF no mês passado, Vieira tinha afirmado que Bolsonaro participou de um telefonema sobre um ofício feito pelo braço direito, o tenente-coronel Mauro Cid, para tentar resgatar as joias sauditas apreendidas pela Receita Federal no Aeroporto de Guarulhos.
A TV Globo apurou que Vieira, ao depor, tinha prometido entregar o celular para a perícia e só não deixou o aparelho no dia porque “estava atrasado” e iria “pegar um voo”. A PF aceitou. O servidor acabou mudando de ideia e não apresentou o telefone até agora.
Tratativas pelo WhatsApp
No depoimento, segundo o Blog da Andréia Sadi apurou, o servidor contou que, em dezembro de 2022, Cid pediu para ele assinar um ofício que seria enviado à Receita para solicitar a incorporação dos bens aprendidos pela Presidência. As tratativas todas ocorreram por WhatsApp, e não por vias oficiais.
Mauro Cid enviou ofício para Vieira em 27 de dezembro, às vésperas de Bolsonaro deixar o governo e partir para os Estados Unidos, e em meio à operação casada entre o gabinete de Bolsonaro e a chefia da Receita Federal para recuperar as joias.
Vieira se negou a fazê-lo.
Depois da negativa, os dois falaram ao telefone sobre o assunto – Vieira disse à PF não se lembrar quem fez a ligação.
Durante o contato, Vieira contou à PF que “Mauro Cid colocou a ligação no modo viva-voz e pediu ao declarante para que explicasse ao presidente da República essa situação e por que não poderia assinar”.
Vieira era chefe do Gabinete Adjunto de Documentação Histórica (GADH). Sua função era revisar o que poderia ser aceito como presente para o acervo privado presidencial ou não. Ele estava no órgão desde 2017, quando Michel Temer (MDB) era presidente e foi exonerado do cargo em janeiro de 2023, assim como outros funcionários do governo, quando Lula (PT) assumiu a presidência.
‘Ao presidente da República’
Vieira relatou à PF que, em outubro de 2021, recebeu um contato do Ministério das Minas e Energia informando que o ex-titular Bento Albuquerque havia recebido um presente de autoridade estrangeira para “ser entregue ao presidente da República”.
Albuquerque liderou a comitiva do governo brasileiro que, naquele ano, foi à Arábia Saudita e voltou com presentes de autoridades locais. Parte deles, o conjunto de joias de R$ 16 milhões foi descoberto pelos funcionários da Alfândega do Aeroporto de Guarulhos.
Sem detalhar quais eram os itens, Vieira disse voltou a ser procurado pelo Ministério das Minas e Energia sobre o assunto mais de um ano depois, em novembro de 2022 – um mês antes do fim do mandato de Bolsonaro. O objetivo desse contato, segundo o ex-funcionário, era organizar a entrega de itens ao presidente.
A entrega foi feita no Palácio do Alvorada, segundo o ex-funcionário, pois Bolsonaro já não estava indo mais ao Palácio do Planalto. (Com informações G1/RJ)
AliançA FM