Carnificina: ONU diz que Gaza tem 17 mil crianças sozinhas e 30 mil mortos
17 mil crianças em Gaza perderam os pais ou estão separadas de suas famílias. O alerta foi feito pela ONU, numa reunião especial dedicada a tratar da crise entre israelenses e palestinos, nesta quinta-feira, em Genebra. A constatação ocorre no dia em que o número de mortes em Gaza supera a marca de 30 mil pessoas.
Num discurso no Conselho de Direitos Humanos da ONU, o alto comissário da entidade, Volker Turk, foi contundente sobre a dimensão da crise. Segundo ele, “parece não existir palavra” para capturar o horror” visto em Gaza.
“Pelo menos 17 mil crianças ficaram órfãs ou foram separadas de suas famílias, e muitas outras carregarão as cicatrizes do trauma físico e emocional por toda a vida”, alertou Volker Turk, comissário da ONU.
Ele acrescentou que mais de 100 mil pessoas estão feridas e “cerca de uma em cada 20 crianças, mulheres e homens estão mortos ou feridos”.
Turk chama o conflito de “carnificina”. Segundo a ONU, os ataques do Hamas contra Israel são “chocantes”, “profundamente traumatizantes e totalmente injustificáveis”.
A reunião testemunhou uma troca de farpas entre as diferentes delegações. O governo de Israel acusou a ONU de ter ignorado a construção de uma operação terrorista em Gaza e de não o devido valor às vítimas israelenses. Já a diplomacia palestina acusou Israel de “genocídio”.
“Isso é uma carnificina”, constatou.
Crimes de guerra
Pela primeira vez desde o início da guerra em Gaza, a ONU ainda abriu uma brecha para considerar as ações israelenses como crimes passíveis de serem julgados por cortes internacionais.
Turk ainda afirmou:
A guerra em Gaza precisa acabar. Todas as partes cometeram violações claras dos direitos humanos internacionais e das leis humanitárias, incluindo crimes de guerra e possivelmente outros crimes de acordo com a lei internacional. Chegou a hora – e já passou da hora – da paz, investigação e responsabilização.
Ele ainda acusou Israel de promover violações profundas contra os palestinos.
“Em 56 anos de ocupação israelense, sistemas de controle profundamente discriminatórios foram impostos aos palestinos para restringir seus direitos, inclusive o direito de locomoção, com grande impacto sobre sua igualdade, moradia, saúde, trabalho, educação e vida familiar”, disse.
“Um bloqueio de 16 anos na Faixa de Gaza manteve a maioria de seus 2,2 milhões de habitantes em cativeiro e destruiu a economia local. As vidas de gerações de palestinos na Cisjordânia foram marcadas por assédio, controle, arbitrariedade – inclusive prisões e detenções arbitrárias – e aumento da violência militar e dos colonos israelenses”, afirmou. “Enquanto isso, os assentamentos ilegais continuaram a crescer, levando, de fato, a uma maior anexação das terras dos palestinos. Imagine a humilhação e a repressão intermináveis sofridas”, completou.
Israel critica ONU e diz que vai continuar guerra contra Hamas
Durante a reunião, o governo palestino acusou Israel de genocídio, de racismo e insistiu que “os problemas não começaram em 7 de outubro”
Já o governo de Israel atacou a fala da ONU, alertando que os crimes cometidos pelo Hamas não foram mencionados, numa “afronta às vítimas”.
“Israel está em guerra com uma organização terrorista que perpetrou um dos ataques terroristas mais hediondos e mortais dos tempos modernos”, disse a embaixadora de Israel na ONU, Meirav Eilon Shahar.
Segundo ela, os terroristas se escondem atrás da população civil. “500 km de túneis terroristas serpenteiam sob a infraestrutura civil, casas, escolas e sedes da ONU”, disse.
“O uso de civis palestinos como escudos humanos pelo Hamas em Gaza é bem conhecido, mas constantemente ignorado pelo Alto Comissário e por este Conselho”, atacou.
Ela ainda acusou o Hamas de desviar ajuda, de assassinar civis inocentes, estuprar, decapitar e queimar famílias vivas. “Não temos escolha. Temos que ir atrás do Hamas, ou eles continuarão a vir atrás de nós”, disse.
A israelense usou ainda o encontro para criticar a ONU.
“Durante anos, as Nações Unidas ignoraram o terrorismo, a destruição, o ódio e o incitamento palestinos”, disse. “Durante anos, ela desconsiderou e ignorou as preocupações de segurança de Israel”, insistiu.
“Durante anos, ignorou as centenas de israelenses assassinados em nossas ruas.
Em seu relatório ou declaração de hoje, o senhor não mencionou os israelenses mortos por terroristas antes e depois de 7 de outubro. Será que eles não importam?”, questionou
Segundo ela, Israel tem o dever para com sua população de garantir que o Hamas nunca mais possa atacar.
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Carnificina: ONU diz
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