SÃO PAULO, 20 NOV (ANSA) – Apesar de usar a reunião do Brics para dizer que o governo apresentaria uma lista de países que compram madeira ilegal da Amazônia, o presidente Jair Bolsonaro recuou e disse que o que existe, na verdade, é uma relação de empresas que compram o produto de áreas desmatadas.
Em sua live desta quinta-feira (19), Bolsonaro disse que “a gente não vai acusar nenhum país de cometer nenhum crime ou ser conivente com um crime”, mas sim de “empresas que poderiam estar nos ajudando a combater esse ilícito”.
“Nós temos aqui os nomes das empresas que importam isso e os países que elas pertencem. A gente não vai acusar o país A, B ou C de estar cometendo um crime. Mas empresas desses países, sim.
Isso já está em processo”, afirmou.
No entanto, voltou a reclamar de governos internacionais que criticam a política ambiental de seu governo, ressaltando que existe um “grande jogo econômico que existe entre alguns países do mundo”. “Nós somos realmente potência no agronegócio e eles querem exatamente diminuir a nossa concorrência”, pontuou, em live que contou com o ministro da Justiça, André Mendonça, e do superintendente da Polícia Federal do Amazonas, Alexandre Saraiva.
Na terça-feira (17), durante a cúpula do Brics – grupo que reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul -, Bolsonaro afirmou que “revelaremos nos próximos dias os nome dos países que importam essa madeira ilegal nossa através da imensidão que é a região amazônica, porque daí estaremos mostrando que estes países, alguns deles que muito nos criticam, em parte têm responsabilidade nessa questão”.
De acordo com o presidente, a PF desenvolveu um sistema tecnológico que consegue rastrear de onde a madeira foi extraída e para onde foi enviada. No dia seguinte, ao falar com apoiadores no Palácio da Alvorada, o mandatário voltou a repetir a acusação, dizendo que na live de quinta-feira “nós vamos mostrar os países que nos acusam de desmatar, mas compram madeira clandestinamente nossa”.
Porém, já na tarde de ontem, o vice-presidente Hamilton Mourão afirmou aos jornalistas que o presidente “não falou de países” e que tinha sido “claro” que ele falava de empresas – o que não ocorreu.
Bolsonaro acusa, especialmente, a França de atacar o Brasil nas questões ambientais como forma de proteger seu mercado interno.
No entanto, se é verdade que existe o protecionismo francês, também é um fato relatado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) que o país vem batendo, mês a mês, recordes de desmatamento e queimadas na Amazônia e no Pantanal. Contudo, o presidente nega os números dos incêndios. (ANSA).