O ex-ministro da Educação, Abraham Weintraub, afirmou neste domingo (24) que o presidente Jair Bolsonaro (PL) ameaçou demiti-lo do Banco Mundial –onde ocupava o cargo de diretor-executivo–, caso se candidatasse ao governo de São Paulo. Declaração foi dada durante a live “Reação Conservadora”, junto com o irmão Arthur Weintraub, ex-assessor especial da Presidência.
Segundo os irmãos, Abraham teria recebido a seguinte mensagem do presidente: “Você vai ser demitido, essa história aí de governador, você vai ser demitido”. Bolsonaro supostamente teria enviado a mensagem na véspera do Natal de 2020.
Arthur afirma ainda que, em dezembro de 2021, recebeu uma ligação do chefe do Executivo. Segundo o ex-assessor, Bolsonaro pediu para que os irmãos não voltassem mais ao Brasil.
“Se vocês voltarem para o Brasil, o seu irmão pode ser preso e ficar preso igual Nelson Mandela”, teria dito o presidente, de acordo com Arthur. O ex-assessor acrescentou que funcionários do Planalto teriam dito que “quem interagir com os irmãos Weintraub, vai perder o emprego”.
Arthur também atribuiu a sua demissão da OEA (Organização dos Estados Americanos) a uma suposta pressão por parte do governo federal.
Abraham afirmou ter ficado “magoado” com o presidente, mas que ainda irá votar nele para as eleições presidenciais de 2022, mesmo ele não representando mais os interesses da direita.
“Vou votar no presidente Bolsonaro, a alternativa é péssima”, disse.
De acordo com o ex-ministro, o presidente foi “chantageado” em seu governo, mas que isso não o tornava isento de culpa e que ele foi e “deslumbrando” com o poder. Abraham afirmou que Bolsonaro está “100% vulnerável” ao presidente do PL, Valdemar Costa Neto, e ao ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira (PP-PI).
O ex-ministro já havia criticado o governo Bolsonaro em alguns momentos, por sua aliança com partidos de centro. Ele e os ministros do Meio Ambiente, Ricardo Salles; e das Relações Exteriores, Ernesto Araújo; disseram ter sido “substituídos por essa turma do Centrão”.
Em junho de 2020, Weintraub foi o 2º ministro a deixar a pasta durante o governo Bolsonaro.
Ele estava no centro de atritos entre o Poder Executivo com o Legislativo e o Judiciário. O então chefe da Educação afirmou em reunião interministerial gravada em 22 de abril que, por ele, “colocava esses vagabundos na cadeia, a começar pelo STF” (Supremo Tribunal Federal).
Depois de sua saída do ministério, Abraham teve seu nome confirmado no Banco Mundial, mas renunciou ao cargo em 2022.
AliançA FM