O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Luís Roberto Barroso, afirmou ver um “esforço para desacreditar o processo eleitoral” e disse que milícias digitais contribuem para a “desdemocratização”. Durante participação na live de lançamento de um curso de Direito nesta segunda-feira, 23, o ministro reclamou das críticas sofridas após o primeiro turno das eleições municipais, dizendo que é “preciso celebrar as coisas boas”. “Conseguimos fazer uma eleição, evitamos uma prorrogação, adiamos para um momento em que foram feitas com mais segurança, conseguimos que o plano de segurança fosse observado e que não houvesse disseminação da doença, conseguirmos uma abstenção bem baixa, de 23%, conseguimos controlar as fake news, divulgar o resultado no mesmo dia e as pessoas só falam que teve um problema operacional no computador e atrasou duas horas e cinquenta minutos”, comentou.
Barroso falou a respeito do processo de “desconstrução das democracias” e atacou o “conservadorismo radical”, que, segundo ele, é diferente do “conservadorismo político”. Na sequência, o ministro afirmou que milícias digitais criam ambiente para o processo que chamou de “desdemocratização”. “Uma versão contemporânea do autoritarismo são essas milícias digitais que atuam na internet, procurando destruir as instituições e golpeá-las, criando um ambiente propício para a desdemocratização.” Ao tratar das tentativas de desacreditar processos eleitorais, Barroso citou o caso da eleição presidencial dos Estados Unidos. “Muitas vezes, mesmo nas democracias, há um esforço de desacreditar o processo eleitoral, quando não favoreça essa crença. É o que hoje se observa, segundo alguns autores, nos Estados Unidos, com a recusa de aceitação do resultado que já parece definido”, disse. O ministro afirmou ainda que o autoritarismo “sempre assombrou a América Latina” e é” uma tentação permanente de quem chega ao poder”.