O coordenador do núcleo de astronomia da Ufpa, Luís Carlos Crispino, revelou o que pode explicar o fenômeno luminoso.
Um rastro luminoso que cortou o céu de vários pontos do Pará se tornou um dos assuntos mais comentados nas redes sociais na noite da última terça-feira (16). O objeto misterioso causou estranheza em muita gente.
A passagem do rastro de luz foi registrada por muitos internautas em vários municípios paraenses como Belém, Ananindeua, Marituba, Castanhal e Salinópolis. Mas, afinal, o que seria esse tal objeto?
O coordenador do Núcleo de Astronomia da UFPA, Luís Carlos Crispino, ressalta que o rastro pode ter várias explicações. “Um rastro luminoso no céu normalmente está associado a meteoros, mas esta não é a única possibilidade. Este tipo de rastro também pode estar associado a reentrada na atmosfera de objetos construídos pelo homem. Este é o caso, por exemplo, de rastros de foguetes utilizados para colocar satélites em órbita”, diz.
“Chuvas de meteoros são fenômenos relativamente comuns por acontecerem algumas vezes durante o ano. Mas um rastro com o brilho do que foi observado ontem não é tão comum assim, seja para um meteoro, seja para o reingresso na atmosfera daquilo que é conhecido como lixo espacial”, conta Luís.
Apesar de ainda não ter uma definição do que seria responsável pela forte luz, uma das possibilidades levantadas pelo especialista para explicar o fenômeno é que o rastro visto no céu pode se tratar de lixo espacial.
“Pense em um foguete que é usado para levar um objeto para o espaço, como um satélite, por exemplo. O satélite representa apenas uma pequena parte do que sobe com o foguete. E tudo aquilo que sobe sem ser o objeto em si, ou cai de volta na superfície da Terra (idealmente no oceano), ou fica vagando como lixo espacial. Eventualmente este lixo espacial pode reingressar na atmosfera, deixando um rastro de fumaça e fogo. Não estou afirmando que foi isso o que aconteceu ontem, porque ainda não há certeza, mas esta é, certamente, uma hipótese aceitável”, explica Luís.
O especialista também descarta a suposição de alguns internautas, que acreditaram ter visto um disco voador.
“Certamente não foi um disco voador. Embora muito provavelmente o planeta Terra não seja o único lugar do Universo que abrigue vida, não temos qualquer evidência científica da existência de vida inteligente fora da Terra. Além disso, as distâncias muito grandes que separam os sistemas estrelares são um enorme obstáculo, não só para investigações científicas precisas, mas principalmente para as viagens pelo Cosmos”, conta o coordenador.
E se você está no grupo de pessoas que tem medo de ser atingido por um objeto como o visto na noite de ontem, o especialista afirma que não há o que temer.
“As chances de uma pessoa ser atingida por um raio são muito pequenas (especialmente se forem tomados os cuidados devidos), e incomparavelmente menores são as chances de uma pessoa ser atingida por um meteoro ou lixo espacial. Podemos tentar contextualizar com um dos maiores riscos para a população nos dias de hoje: As chances de uma pessoa ser infectada e morrer por Covid-19 são incomparavelmente maiores do que uma pessoa ser atingida por um raio, e muito maiores ainda do que ser atingida por um meteorito ou lixo espacial. O que ocorreu ontem foi certamente um espetáculo visual muito interessante”, finaliza.
DOL