O Comitê de política monetária do Banco Central, o Copom, deve anunciar nesta quarta-feira a elevação da taxa básica de juros pela primeira vez desde 2015. Essa é a expectativa da maioria dos analistas do mercado financeiro, que esperam uma alta de 0,25% ou de 0,5%.
Se confirmada a mudança interrompe sete meses do menor patamar histórico da Selic de 2% ao ano. A elevação da taxa de juros seria uma reação ao aumento contínuo da inflação puxado, principalmente pelo aumento no preços dos alimentos e dos combustíveis no Brasil.
“O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo, o IPCA, já acumula crescimento de 5,2% nos últimos 12 meses. Mas a medida de política monetária não deve bastar para resgatar preços mais baixos tão cedo” é a avaliação do professor de economia das Universidade Federal de São Paulo, a UNIFESP, André Roncaglia.
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, a inflação dos alimentos em um ano ficou em 15%, no entanto um boletim recente do Instituto indica que os preços estão desacelerando, a sensação dos consumidores é diferente. Alimentos mais caros nas prateleiras dos mercados, além de gás de cozinha e combustíveis aumentando a cada semana e dificuldade para conseguir emprego por causa da pandemia.
Para André Roncaglia, o possível aumento na taxa de juros do Banco Central, se confirmado nesta quarta-feira, seria uma decisão prematura para conter a inflação. Ele explica que ” a taxa Selic segura o índice de preços, mas que os valores estão crescendo por motivos, pela desvalorização da taxa de cambio, fruto de um conjunto de insatisfações de investidores estrangeiros por causa da instabilidade política no Brasil e que encarece as importações e pela paralisação da oferta de produtos que foi necessária para conter o avanço da pandemia do Coronavírus no mundo todo e que já tirou 300 mil vidas no Brasil.”
Fonte: Agência Rádio Web
Reportagem de: Breno Zonta