Erro de dosagem nos testes da vacina de Oxford levanta dúvidas sobre eficácia

O anúncio feito pela Universidade de Oxford nesta segunda-feira, 23, de que a análise preliminar dos estudos clínicos da vacina contra a covid-19 desenvolvida em parceria com a empresa AstraZeneca apontou eficácia de mais de 90% foi motivo de comemoração em todo o mundo. A vacina é a principal aposta do governo brasileiro para fazer uma vacinação em massa contra a covid-19 no País.

De acordo com a dosagem recebida pelos voluntários, a vacina poderia ter eficácia de 90% ou 62%. A eficácia média, de acordo com os pesquisadores, era de 70%. A eficácia de 90% foi registrada nos participantes que receberam inicialmente apenas metade da dose da vacina e, um mês depois, uma dose completa. A menor eficácia, de 62%, foi registrada entre os voluntários que receberam duas doses completas. Os testes foram realizados em voluntários na Inglaterra e no Brasil.

Os dados geraram uma série de questionamentos dos especialistas, que ganharam força após o executivo responsável pela área de pesquisa e desenvolvimento da AstraZeneca, Menelas Pangalos, revelar à agência Reuters, ainda na segunda-feira, 23, que a empresa não tinha a intenção de aplicar metade da dose nos voluntários.

Os pesquisadores britânicos que lideraram os testes deveriam ter dado uma dose completa aos participantes, mas um erro de cálculo da dosagem fez com que alguns recebessem apenas metade. Pangalos descreveu o erro como “serendipity”, palavra em inglês que significa descobrir algo positivo por mero acaso.

O primeiro anúncio da empresa não mencionou a natureza acidental da descoberta. Cientistas e especialistas da indústria farmacêutica dizem que o erro e uma série de outras irregularidades e omissões na forma com que a AstraZeneca inicialmente divulgou os dados diminuiu a credibilidade dos resultados porque o método dos estudos clínicos não foi desenvolvido para testar a eficácia da metade de uma dose.

“A verdade é que pode acabar sendo um erro bastante útil”, disse Pangalos em entrevista ao jornal The New York Times nesta quarta-feira, 25. “(O erro) não colocou ninguém em perigo. Foi um erro de dosagem. Corrigimos o engano e continuamos com o estudo, sem mudanças nas pesquisas, e concordamos com o órgão regulador para incluir esses pacientes na análise também”.

Fonte: Terra.

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