O encontro entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ex-governador do Ceará Ciro Gomes não foi o suficiente para reconciliar o PT com o PDT. Lideranças das duas siglas afirmam que o primeiro passo foi dado, mas que não significa uma coalizão.
“Qualquer aproximação com Ciro passa por um pedido público de desculpas dele ao Lula e ao PT, pelo que ele disse, principalmente ao Lula”, afirmou a presidente do partido, Gleisi Hoffman.
Pessoas próximas a Ciro afirmam que o entendimento é de que o cenário de polarização entre o PT e o presidente Jair Bolsonaro não mudou. Por isso, ele segue na construção de uma frente com partidos de centro e de esquerda, que não inclui o partido do ex-presidente.
O encontro foi no Instituto Lula, em São Paulo, e foi intermediado pelo governador do Ceará, Camilo Santana (PT), aliado de Ciro. O rompimento ocorreu na campanha de 2018, quando Ciro esperava apoio do PT à sua candidatura. O PT lançou Fernando Haddad, pois Lula estava impedido de concorrer devido à condenação em segunda instância.
Após o encontro ter sido divulgado, Ciro foi ao Twitter falar das alianças com outras legendas, mas sem citar o PT. Nas eleições municipais deste ano, a coligação entre as siglas inclui 173 chapas municipais, nas quais o PT apoia um candidato do PDT, e 134 nas quais o PDT apoia petistas.
O fato de ter deixado de citar as alianças entre os dois partidos, para o núcleo petista, foi um recado de que ainda não foi dessa vez que a paz foi selada. “Esse primeiro diálogo entre os dois é muito importante”, comentou uma liderança do PT ouvida pelo Correio, que não quis se identificar.
Já pedetistas creem que, apesar dos acenos, o PDT seguirá independente do partido de Lula. “A intenção é de seguir dialogando”, garante um integrante do partido de Ciro, também sob condição de anonimato.