O Instituto Gamaleia, laboratório russo responsável pelo desenvolvimento da vacina contra a Covid-19 Sputnik V, informou nesta quinta-feira, 20, que o imunizante será testado em 40 mil pessoas durante a terceira fase dos ensaios clínicos. O anúncio ocorreu nove dias após o governo da Rússia registrar a fórmula como segura e eficaz.
Em entrevista coletiva, pesquisadores do Gamaleia defenderam que os resultados obtidos nos dois primeiros estágios de testes são suficientes para determinar a segurança e a eficácia da Sputnik V.
O cronograma da vacina russa foi recebido com ceticismo por boa parte da comunidade científica internacional. Além da falta de transparência nos dados dos ensaios clínicos, que poderiam apontar as evidências que sustentem as promessas do país, cientistas temem que o plano de vacinação em massa na Rússia, previsto para outubro, seja conduzido sem a devida segurança e coloque a população em risco.
O fundo soberano russo que financiou os trabalhos prometeu, no entanto, divulgar informações sobre a pesquisa na internet e compartilhar os artigos na versão completa com os países que demonstrarem “grande interesse” em parcerias de aquisição e produção da vacina.
Denis Logunov, diretor de pesquisas científicas do instituto, afirmou que a aprovação da vacina permitirá a vacinação de grupos de risco enquanto a fase 3 não e concluída. Ele reforçou que o processo de imunização será acompanhado atentamente pelas autoridades russas e justificou a segurança da Sputnik V com base em ensaios preliminares, como os realizados em animais.
“Também somos obrigados a fazer mais ensaios clínicos e já acordamos um protocolo de 40 mil pessoas. esses ensaios vão ser feitos para ver o grau de eficácia da vacina. Se for eficaz, vamos ter o registro definitivo. Se corresponder a todas essas condições, então poderemos começar a produção em massa”, disse Logunov. Os macacos foram testados não tiveram efeitos colaterais. Os voluntários (humanos) que foram testados, de 18 a 60 anos, tiveram efeitos colaterais considerados irrelevantes.
Segundo os cientistas do Gamaleia, a Sputnik V usa dois tipos de adenovírus de humanos que funcionam como vetores do RNA mensageiro do Sars-CoV-2, responsáveis por estimular uma resposta imune no organismo dos voluntários. Assim, o sistema imunológico desenvolveria defesas contra o material genético do novo coronavírus sem entrar em contato com ele. O adenovírus, inócuo, também não representa ameaça para a população imunizada, reforçaram.
Fonte: Extra.