A manifestação dos indígenas Kayapó na BR-163, a dez quilômetros de Novo Progresso, no sentido de Cuiabá, completou mais de 48 horas na manhã desta quarta-feira (19). Apesar de os indígenas liberarem a pista esporadicamente, na maior parte do tempo a rodovia permanece fechada em função da manifestação, que é motivada por uma série de cobranças dos indígenas no que tange à saúde, estrutura das rodovias, proteção territorial e Ferrogrão.
O ato ocorre desde às 7h de segunda-feira (17). Na tarde de terça (18), os indígenas chegaram a liberar a rodovia e, às 18h, segundo informações da Polícia Rodoviária Federal (PRF), o trânsito estava completamente normalizado. Entretanto, na manhã desta quarta-feira (19), por volta das 7h, os indígenas voltaram a fechar a rodovia. De acordo com a PRF, em virtude da manifestação, um novo engarrafamento se formou nos dois sentidos da via: a extensão no sentido decrescente é de 10 quilômetros e no sentido crescente de cinco quilômetros. Ainda segundo o órgão, a previsão de liberação da rodovia é às 18h.
Liderança Kayapó, Mydjere Kayapó Mekrãgnoti afirma que a manifestação só será encerrada quando um representante do Governo ou o próprio governador for até o local para conversar com os indígenas. “O governo tem que vir nos ajudar, nos ouvir, então se o governador não aparecer aqui para conversar, nós vamos continuar fechando a BR”, reforça.
Confira a lista de reivindicações
1. Saúde Indígena- Reforma da CASAI (estrutura insalubre construída pelo DNIT);
– Contratação de serviços de terceiros (contratação de motorista, serviços gerais, cozinheira, barqueiro e administrativo);
– Contratação de profissionais da saúde; (contratação de 10 (dez) Técnicos de enfermagem, 01 Nutricionista, 01 Enfermeira, e AIS (Agente indígena de saúde), para atuar na CASAI e Aldeias;
– Poços artesianos;
– Manutenção de veículos e equipamentos;
– Aquisição de equipamentos e material apoio;
– Teste rápido para covid-19;
– Construção de Postos de Saúde nas aldeias;
2. BR 163
– Renovação/continuidade do CI-PBA;
– Liberação de recursos do Plano Emergencial;
– Autorizar a utilização da aplicação financeira que está conta do Instituto Kabu;
– Casa de Cultura Kayapó;
– Manutenção do ramal Kayapó (Terra Indígena Menkragnotí);
– Manutenção do ramal para Terra Indígena Baú;
– Abertura do ramal Kayapó para as aldeias Krimej, Kawatum e Mekrãgnoti Velho;
– Pendência dos carros que foram cedidos ao Instituto Kabu pelo DNIT (documentação, doação, manutenção);
– Concessão da BR 163 – não fez consulta;
3. Ferrogrão
– Não fez consulta e não reconhece todos os impactos sobre os povos indígenas da região, principalmente quanto aos Kayapó.
4. Proteção territorial
– Fechamento dos garimpos fora das Tis, no rio Curuá, incluindo a expulsão de garimpeiros das TIs.
– Retorno de ações do Ibama e Polícia Federal para expulsão de madeireiros, garimpeiros e outros invasores e principalmente conter ameaças;
– Continuidade do PBA – único programa de proteção ambiental que ajuda proteger e preservar nossas terras, rios e florestas;
O Liberal.