Jovem que previu a própria morte deixou senha do celular para amiga e carta de despedida para a mãe

Jovem que previu a própria morte deixou senha do celular para amiga e carta de despedida para a mãe

Foi realizada na manhã desta quarta-feira (29) uma coletiva de imprensa para apresentar a conclusão do inquérito policial que investigou o feminicídio de uma jovem de 20 anos, morta a facadas pelo ex-namorado dentro do supermercado onde trabalhava. O crime aconteceu na noite de 17 de janeiro de 2025, em Montes Claros, e foi premeditado pelo autor, um homem de 22 anos, que foi preso enquanto fugia. Ele não demonstrou arrependimento e confessou ter planejado tudo nos dias anteriores.

As investigações conduzidas pela Polícia Civil apontam que o relacionamento entre vítima e autor foi marcado por ciúmes e agressões. O comportamento controlador dele começou a se intensificar em setembro de 2024, quando ela iniciou o trabalho no supermercado. Em novembro, o relacionamento chegou ao fim após um episódio de violência: ao vê-la saindo do local de trabalho acompanhada de um colega, o agressor a atacou, agrediu também o rapaz e chegou a tomar o celular dele para procurar mensagens que pudessem indicar uma traição. Mesmo após o término, ele continuou perseguindo e ameaçando a ex-namorada.

A jovem chegou a desabafar com amigas sobre o medo de ser morta. Dois dias antes do crime, entregou a senha do próprio celular para uma delas, dizendo que seria útil para as investigações caso algo acontecesse. Três dias após o assassinato, a mãe da vítima encontrou uma carta de despedida escrita por ela, onde relatava o temor de que o ex cumprisse as ameaças. No entanto, apesar do medo constante, a jovem nunca registrou boletim de ocorrência contra ele, temendo que uma denúncia o deixasse ainda mais agressivo.

Na manhã do dia do crime, enquanto conversava com uma colega de trabalho, a jovem desabafou: “Eu acho que vou morrer hoje”. As ameaças constantes e o comportamento obsessivo do ex-namorado faziam com que ela tivesse certeza de que seu destino estava selado.

Premeditação e brutalidade

O criminoso revelou em depoimento que planejou o ataque. Na noite do assassinato, ele chegou ao supermercado em um carro de aplicativo e ficou por alguns minutos sentado no estacionamento, refletindo se realmente cometeria o crime. Então, decidiu entrar no estabelecimento. Ao perceber a presença do ex, a jovem tentou correr, mas ele a perseguiu por cerca de dois minutos até que ela escorregou. No chão, foi atingida por 15 facadas.

O ataque durou cerca de 10 minutos. Durante toda a ação, ele não disse uma palavra. Funcionários e clientes do supermercado ficaram em choque, sem conseguir impedir a violência. Antes de fugir, o assassino ainda ameaçou testemunhas com uma réplica de pistola airsoft, que portava junto com a faca usada no crime.

A Polícia Militar foi acionada e, ao chegar ao local, encontrou o corpo da vítima coberto por um pano. O Samu chegou rapidamente ao local, cerca de dois minutos após o acionamento, mas infelizmente ela já estava em óbito e o serviço de urgência confirmou o óbito. O autor foi localizado pouco depois no bairro Vera Cruz e, sem tentar resistir, confessou o crime. Em suas palavras, disse que já vinha pensando em “dar um fim” na vida da ex-namorada há alguns dias, motivado por ciúmes.

Sem antecedentes, mas condenado pela nova lei do feminicídio

Apesar do histórico de agressões, o assassino não possuía antecedentes criminais. Agora, ele será enquadrado na Lei nº 14.994/2024 que aumentou a pena para condenados por feminicídio, passando de 20 a 40 anos de prisão, superior à prevista para homicídios qualificados.

A tragédia reforça a importância da denúncia em casos de violência doméstica e perseguição. Amigos da vítima relataram que, por medo, ela evitava acionar a polícia. Uma amiga chegou a lhe dar um canivete para autodefesa, mas a jovem temia que qualquer reação piorasse a situação.

Horas depois do desabafo à colega de trabalho, a previsão da vítima se tornou realidade. Mesmo sem qualquer registro formal contra o agressor, a jovem tentou de todas as formas alertar as pessoas ao seu redor sobre o que poderia acontecer. Dois dias antes do assassinato, passou a senha do celular para uma amiga, na tentativa de facilitar as investigações caso algo lhe acontecesse. Após sua morte, a mãe encontrou uma carta de despedida, escrita dias antes, onde a filha já previa que seria assassinada.

A delegada Francielle Drumond, titular da Delegacia Especializada em Homicídios de Montes Claros, destacou a importância das medidas protetivas e da denúncia de comportamentos abusivos na prevenção do feminicídio. Segundo ela, dados oficiais apontam que, em mais de 90% dos casos ocorridos em Minas Gerais, as vítimas não tinham medidas protetivas. “Quando a medida protetiva é concedida, há fiscalização e monitoramento tanto da vítima quanto do agressor. Se houver descumprimento, a prisão preventiva pode ser decretada. Com isso, a polícia passa a ter um olhar mais atento para a vítima, dificultando a aproximação do agressor”, explicou.

O caso agora segue para o Ministério Público, que deve oferecer denúncia contra o acusado nos próximos dias.

Fonte: Webterra


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